março 26, 2011

VOZES MASCULINAS – 26.03.11

Funcionam assim: eu, que deveria estar estudando, estou aqui perdendo e encontrando tempo para analisar as vozes masculinas. E elas se destacam pelo que o homem venha a saber fazer com ela.
Ao exemplo cito Vander Lee, que é “o cara” cantador e encantador de corações. Viaja nas notas e nos tons com um esforço que parece vai lhe custar o diafragma, e de súbito, ressurge inteiro instantaneamente, pronto para outro prolongamento permitido somente àqueles que detêm a técnica vocal afinada.
Já o Arnaldo Antunes tem um timbre que por si só, não necessita variações. Então começa com leveza, permanece com ela e termina por aguçar vontades lá bem escondidas.
E o Zeca Baleiro, com voz de menino manhoso, combinando numa proporção indefinível indo do nasal para o oral sem grande esforço, aliando obviamente, a poesia que lhe é peculiar, confundindo-se com a própria pele.
O Dinho Ouro Preto merece destaque devido ao jeito moleque, escancarado, com o coração batendo fora da camisa, colocando na sua voz toda a porção de melodia igualmente escancarada, parecendo ser capaz de manter o mesmo timbre por horas a fio, indo ao céu e retornando ao chão a toda.
Caetano Veloso não agrada pelo timbre da voz; assim como Roberto Carlos, que transpassando a insegurança de pessoa digna de respeito, todos param e querem ouvi-lo. Enquanto Caetano já se vale de literatura, conhecimento filosófico; é um catedrático que, não tendo a quem ensinar o faz à multidão em forma de canção.
Por que se a questão é falar sobre vozes com supedâneo de impregnação na alma, vem a de B.B.King, que sem a menor pretensão de ser, é um ícone capaz de nos remeter a outro país, com diferentes estações porque encanta e sensibiliza com “help the poor...”
Finalmente, e sem a pretensão de sátira, não deixo de citar o Falcão, que voa baixo no timbre, levando-nos a ouvi-lo uma, duas, três vezes, para só então formarmos um juízo correto que o eleva em função do mix entre cultura popular e erudita, posto que sem isto ele não conseguiria cantar. É o mesmo sentimento quando ouvimos os “Mamonas assassinas” cantando o Robocopy gay” – viaja-se nas letras independentemente da voz- são, pois, exceções a essa regra.

março 24, 2011

DENTES BRANCOS x CÉREBRO ATIVO – 24.03.11

Aí você acorda e o dia lhe sorri. E você sorri de volta, já que não faz parte da gama de mal-humorados que acordam e respondem: “como assim, bom dia?”
O dia avança até certa altura sem cafeína que lhe dê alegria, alegria. É quando percebe de súbito que falta naquele intervalo de horas, além do trabalho que chateia, mas engrandece em proporção retilínea uniforme crescente quase parando, somando-se a falta de aditivos culturais, percebe por fim que lhe falta cafeína no cérebro.
Mas, tudo tem um preço e este quem paga são os alvos dentes, necessitados de boa escovação com enxágue bucal a cada dose, o que lhe consumirá 60 segundos para ter efeito. Se se tratar de um matemático maníaco-drepressivo, irá somar o tempo perdido ao longo deste dia que lhe sorriu desde cedo.
Mas, os efeitos são bem superiores ao trabalho impregnado, vez que seu cérebro estará sorrindo, criativo, pronto para ser escrito, desenhado, cantado e poetizado.
Lado outro, perceberá a impregnação na xícara branca, igualmente necessitada de detergente; uma confirmação do estrago que isto pode desencadear.
Para completar, reveja a sua casa cheirando café fresco, o que até ontem era impossível, sabe-se lá porque, preferindo talvez ir ao mercado próximo, tomar cafezinho na degustação, o que não funcionava com a mesma proporção do ritual de coar café na hora em que o cérebro avisa: estou com sono e perdendo meu potencial de criação. Aí, o café entra em ação.
E você se pergunta porque passou tanto tempo sem café em casa, ao argumento de que quem mora sozinho não precisa disto. E agora, revendo a casa com vida que emana do cheiro estimulando o córtex, nada mal rever posições, voltar a antigos hábitos e manter outros a despeito do que eles podem causar nos outros do mundo, além de você. Enchanté!

março 20, 2011

A LEVEZA DE MAGUÍ – 20.03.11


Só é chamada de Maguí devido a uma intenção proposital desta sua amiga que costuma afrancesar todos os nomes das pessoas com as quais convive: Valerie, Silvie, Maguí e assim por diante.
Maguí tem uma leveza que lhe cai tão bem quanto o bom gosto para música que talvez terá herdado do pai. Não costumo vê-la comentando sobre artes tanto quanto comenta de músicas.
Assim, tornou-se um referencial quando diz que alguém é excepcional ou normal. O que lhe garante a posição de leveza diante da vida não se constitui em preguiça, conformidade, como alguns poderiam deduzir. Pelo contrário, é um trator quando vislumbra seu foco de trabalho. Sempre com método.
A leveza de Maguí vem da sua dosagem exata de buscas e descansos. Tem intervalos tão comedidos entre um e outro, que penso ser muito boa em matemática, de forma a estruturar sua vida com uma equação que lhe propicie buscar e viver paralelamente.
Não existe estresse, mas consegue suas pretensões e ainda encontra tempo para saber onde está acontecendo o melhor show, fazendo uma análise fria e precisa sobre os pontos que a levaram para tal opção no final de semana.
Sabe que a vida não é precisa como advertiu o poeta; adora descobrir trabalhos alternativos de gente igualmente despretensiosa do sucesso e do dinheiro. Não se deixa escravizar sobre o consumo e se mostra alerta para tal síndrome. Tem certeza de que satisfação não se busca com compulsão.
Aliás, Maguí tem sempre uma resposta ponderada, pesquisada, calculada para toda e qualquer necessidade, passando pelas mais banais, qual seja a desentir-se mais bonita, até os cuidados essenciais com a saúde.
Ainda não resolveu seu problema bronco-respiratório, mas penso estar perto disto também, uma vez que entendera com pouca idade a força do pensamento e a transformação na saúde que eles produzem efetivamente.
De resto, sua leveza é daquelas que me causa espanto porque não tem realmente momentos de grandes desesperos, tampouco se envolve com a dramaticidade que pode ocorrer em determinados momentos da vida. Apenas administra seus dias, considerando seu coração e seu cérebro complementares que necessitam apenas viver; sem perder finais de semana ou férias com coisa que não valha a pena.

março 13, 2011

ÁGUA DE TERMAS NA BOLSA – 13.03.11


É por assim dizer, uma moça que busca ser sofisticada sem o ter sido por criação. Vem de uma família muito simples, o que não tenta ocultar, porém não diminui em nada na sua busca pelo respeito e consolidação de posição.


Quer respeito pelo seu trabalho. Gosta do título pesquisadora de doenças tropicais; as endêmicas como gosta de fazer referência. Chame a isto um resquício da sua origem que não quer ver dissipado, mas quer participar rumo à solução desses problemas. Sobretudo por afetar os mais pobres, sem condição para um bom tratamento.


Por um lado prepara-se para morar no Japão, independentemente dos pedidos familiares sobre a desistência da ideia. Basta apenas confirmar se Tóquio continua de pé e habitável. Não sofrerá interferência de quaisquer pedidos sobre uma mudança de planos. Vai até a África como fosse na esquina comprar um pão diferente para as refeições prediletas; o café da manhã e tarde.


Por outro lado, quando se esquece das vítimas de doenças endêmicas na população tropical, busca pela juventude estampada na cara de menina, trazendo na bolsa e eventualmente, presenteando familiares com sua “eau thermale”- água de termas que traz sempre na bolsa para renovar a pele em meio à poluição a que estiver submetida.


Diz com tranqüilidade que a briga no mundo gira em torno da água e que água de termas no rosto é o melhor tratamento para rejuvenescer. Diz isto enquanto borrifa o spray que retira da bolsa, como fizesse uma demonstração para que todas as mulheres presentes aprendam e repitam a operação.


Não deixa muito claro os detalhes para que sirva de instigação e busca, já que a internet está aí para facilitar a vida de qualquer pesquisador de coisas sérias e também das frugais.


Sua dúvida gira em torno do gostar; não sabe se ama mais as pessoas que deve amar ou o seu trabalho. Poucas pessoas gostam tanto do que fazem e ela gosta ao ponto de dedicar horas a mais no seu trabalho.


Então, porque viver é imprescindível, trabalhar é fonte de prazer, rejuvenescer é busca de todas as mulheres, construção de família consiste em transições constantes, ela escolheu como limite o infinito, deixando para toda a porção restante de familiares limitados, a tarefa de rogarem proteção para suas intenções ilimitadas.

março 04, 2011

PRESSA DE VIVER - 04.03.11


Tem sido a pressa de viver motivo de controvérsia sobre a qualidade de vida da qual devem cuidar aqueles que pretendem chegar inteiros se o nível de saúde for utilizado para identificá-los num futuro que para Alice chega mais rápido do que conviria aos seres normais finitos e sem tempo para muita coisa nesta vida.


Para ela, se o dia constasse de algumas horas a mais, ela não acharia ruim. Tanto é assim que seu computador sofre diretamente esses reflexos. A moça abre n janelas e quer todas em plena atividade a um toque do mouse.


De tudo que não pode digerir aprendeu de início a dizer que não gosta; em segundo aprende mesmo a não gostar; em terceiro, desgostada que se faz daquilo que não é para ela por um motivo qualquer, lança mão na maior naturalidade de outra coisa que substitua tal abstenção.

Isto vale para comida, roupas, coisas em geral e até mesmo pessoas. Adora escrever enquanto seu “média player” exibe a próxima faixa da Amy. De vez em quando, Alice perde-se pensando no tempo em que ouvia rádio e ficava torcendo para que o locutor parasse de falar e colocasse música. Hoje, não por acaso odeia rádios e telefones, ambos por contato intenso enquanto trabalhava.


Assim, pode hoje administrar melhor o seu tempo, escolhendo as músicas exatas ao seu gosto e ao parco tempo para delas desfrutar. Quanto ao fone, basta esquecer desligado e pronto.

A última busca em favor do tempo que nunca a satisfaz, não entendendo bem porque as pessoas ao redor não reclamam disso é a de querer um dia com as quatro estações, com tempo para estudar de tudo, inclusive curiosidades e talvez, encontrar alguém cujo relógio biológico igualmente a ela clame por atividade e muito mais tempo para viver.


Entende que isso é pressa. Aceita o fato anômalo, porém, inerente a ela sem que com isto consinta ou disto participe. Apenas aprendeu que a entrega garante o sucesso do empreendimento e demandando muita energia, tanto mais abrangente haverá de ser a colheita.