maio 26, 2012

VIDA DE EMPREGUETE - 26/05/12



            Acertaram os escritores Felipe e Isabel na trama da novela que vem senão desmistificar, ao menos alterar a posição das empregadas domésticas que fizeram a inversão por conta própria em rede nacional, ocupando o lugar de patroas no melhor vídeo articulado pelas artistas globais.

            Há tempos questiona-se porque a posição dessas trabalhadoras é tão lentamente alterada no Brasil, sendo pouco valorizadas, posto tratar-se de pessoas que cuidam da casa, cuja energia fica ali placidamente depositada, razão suficiente para serem bem acolhidas em cada lar.

            Do ponto de vista antropológico, tem-se no ar os auspícios de uma alteração de valores e de respeito às “domésticas” que já vem tarde. Ao acordar antes das sete e começar cedo o batente, não deveria reinar resquícios de uma escravidão, recoberta de desvalorização de um trabalho que tende a ser profissional como outro qualquer, já o sendo nos países mais desenvolvidos.

            O vídeo das empreguetes simulou uma aceitação condizente com a realidade dado ao ibope que tem conseguido. Não por acaso, tem-se aí talvez, um marco para a reconstrução de um valor até então desprezado.

            A partir de agora, a profissionalização dos empregados domésticos, uma vez que os homens também tendem a investir na profissão, deverá num breve espaço de tempo, passar por “especialização”.

            Em decorrência disto, há de vir uma valorização (ou supervalorização), devendo atentar para tal tendência, sobretudo aquelas famílias dependentes desta classe de empregados.

            Está prestes a cair por terra, antes tarde do que nunca, a valorização da classe que sequer gozava de direitos trabalhistas, agora sendo assistida em lei específica, que em sendo assim, passam para a normalidade de uma profissão em um país emergente.

            Contudo, o que resta imprevisível ante tamanha alteração de valores e de posição, é sobre a questão do respeito a esses empregados, já que uma grande maioria sofre ainda pelos destemperos patronais de toda sorte. É só aguardar e conferir, pois, a sorte dessa classe de empregados já foi lançada.

maio 16, 2012

OBSTINAÇÃO - 16/05/12





É mais que objetivo de vida; chega a ser obstinação; dessas a serem vestidas tal qual couraça, armadura, casco de tartaruga, até mesmo uma segunda pele incorporada no corpo, alma e perispírito.

Em sendo assim, qualquer dificuldade no caminho de Alice é mera conseqüência a testá-la quanto aos preparativos para as horas em que tenha a tarefa de simplificar conceitos, desmistificar posturas, atribuir menos importância aos cargos e mais às pessoas, dissociando o que, via de regra, vem erroneamente associado.

Para tarefas desta grandeza é necessária a coragem, haja vista um sem número de tentações por submeter-se; umas que iludem o ego e outras que falseiam intenções levando a autoestima para o buraco mais profundo que houver neste planeta.

Mas Alice já se entregou de corpo e alma a essa tarefa recorrente de aprender com os erros alheios, cujos egos oscilam tanto quanto seus humores. Se até mesmo o Judas revestiu-se de Joana D’Arc, pensa não existir até então, motivo ou criatura que a leve a desfazer-se do seu objetivo, razão para estar onde está, fazendo o que faz.

Ao mesmo tempo, tenta mensurar até onde tudo isto pode chegar e qual seria o seu limite para suportar transições dotadas de estados cada vez mais agravados.

E numa quase “profecia” conta o número de pessoas por que passou, das quais se utilizou para reconhecer sintomas, tentando por ora advinhar quantas ainda faltam até o dia em que também será mais um; porém, com o objetivo de interromper drasticamente o que por séculos tem sido normal, tolerável, inteligente aos desavisados e deplorável de fato e sem direito no ser humano. Seria um novo retorno de Joana D’Arc em meio a fogueiras despersonalizadas?



maio 06, 2012

MEDITAÇÃO - 06/05/12

Tenho pensado acerca de tal técnica e os seus efeitos sobre seus praticantes; a preocupação que sobrevém não se deve a sua prática, mas à ausência da sua prática. Trata-se de algo muito sério iniciar tais práticas, vez que quando subjugadas para outro plano ou deixadas de lado, o corpo imediatamente sofrerá pela ausência de bem-estar, de endorfina e outros agregados obtidos com essa prática regular.

Ocorre que, sublimar o corpo e a mente numa freqüência que desencadeia domínio, equilíbrio, saúde e tranquilidade, causa certa segurança que quando nos falta, leva-nos a questionar o que está dando errado para sofrermos gripe, resfriados, cansaço além do normal e, sobretudo, ocorrerem perdas incompreensíveis para nós.

Tem-se que, eventualmente temos que passar por tais dissabores, talvez para reconhecimento do bem e do mal obtidos quando se pratica e quando se abandona a prática da meditação; sem isso, não entenderia porque em certas temporadas abandonamos o que nos faz promover bem-estar.

A maturidade, a determinação e a disciplina não são quesitos dos mais fáceis de perseguir, sobretudo sozinho. Um conflito de ego, id e superego pode nos levar a pensar que já somos potentes o suficiente para não precisar de nada.

Daí, o conflito se instaura e a solução vem em algumas oportunidades, qual seja: a de freqüentar um grupo de meditação, ao menos uma vez por semana. É assim como o cristão que tem a necessidade de fortificar sua fé indo à igreja semanalmente. Vale o mesmo conceito.

Por perceber que o domínio total sobre problemas que nos assolam a todos é quase impossível de atingir, há ao menos a prevenção fortalecendo-nos para quando estes chegarem, já que chegam de forma mais incisiva do que julga nossa persistência facilmente abalável.

maio 01, 2012

PEDRO - 01/05/12

       Enquanto pensava já ter visto tudo que pudesse entender e aceitar, vi ontem ao entardecer a prenunciar mais um inverno, que alguns meninos sobressaem-se na tarefa de encantar. Encantam bem mais que serpentes; encantam ao bicho homem, e à mulher, um tanto mais exigente e observadora. Os “Pedros” têm naturalmente maior poder de atração e sutilmente, grande vivacidade.

       Foi o que confirmei ontem com mais um Pedro que desfilou bem diante dos meus olhos sua grande intimidade e respeito para com os animais. Ele não tem medo de cobra, jacaré e sapo; até comprou um sapo enorme por dez reais, e na sua inocência de cinco ou seis anos, pensando realmente poder levá-lo para casa e alimentá-lo com seus insetos prediletos, como fizera com vários outros conforme afirmava sua mãe. 


         E a genética, uma vez mais veio confirmar que características assim sutis também são herdadas, senão pelo ADN e ARN, ao menos pelo exemplo paterno e materno como acredito ser o caso do Pedro. Encanta os quantos se curvarem, rebaixarem-se ao seu pequeno tamanho de menino, com vontade e disposição ao perpassar para o seu mundo que deveria ser o mundo real, normal, dedutivo sem ser absoluto sintético. 


        Entretanto, o que se percebe é que a maioria dos adultos não está apta para a convivência com meninos de curiosidade assim aguçada, não se envergonhando de pedir agrado, afago e um pouquinho do seu tempo para contar e ouvir uma história, um relato que pode ser real ou ficcional. 


         O que temos de concreto com relação aos animais atualmente, são uns coitados tentando adaptar-se à vida doméstica, faltando apenas aprender a escovar os dentes e a utilizar o vaso sanitário para finalmente serem mais queridos, já que não falam, não discutem, não dão outra sorte de dissabores, uma vez que aceitam cabalmente serem propriedades de seus donos. 


       Muito mais interessante é assimilar o convívio de animais com crianças, sobretudo meninos, embora já tenhamos notícias que já vêm tarde, de meninas indo ganhar seu espaço no mundo animal. Tenho sincera curiosidade por descobrir o que eles comem para serem assim diferentes, já que todas as minhas tentativas de aproximação de crianças e animais não ultrapassaram a fase da apresentação: crianças, esse é o cão; cão, essas são as crianças!