junho 19, 2014

O DIA DA SIMPLICIDADE - 19/06/14


Surge o dia da simplicidade assim meio que despercebido, porém se fazendo imprescindível dado ao tamanho do cansaço apurado ao final da noite. E quando amanhece, amanhece também a vontade de fugir da zona de conforto, que indica uma normalidade cansativa, sem nada para comparar.
Indo a pé, com vontade de entrar no circular, observar como anda a vida dos outros todos, aqueles iguais a mim, que se chateiam, aborrecem face à dura realidade que é viver. 

Nas vielas e nos becos circulam pessoas tristes, idosos dolorosos, outros sentados nas calçadas, tomando sol com a cabeça descansando no próprio colo, em desabrigo, em conflito, com subtrações.
Elas dão sentido à realidade que é viver, que quase nunca passa por questões éticas ou culturais, mas tão somente sociais e econômicas. Misturo-me ao meio da massa aturdida, sem grandes esperanças, que nem sequer cogita da armação tática de uma seleção, mas, assim feito eu, prefere observar os benefícios que cor negra adquire quando se dedica ao esporte, em saborosa e inigualável vantagem sobre os brancos, que mais parecem inflados, do que propriamente trabalhados, quando não apenas raquíticos.

É no meio da simplicidade que respiro em profundidade sem necessitar do yoga meu de cada dia, sem tocar no grafite que ilumina uma ideia, tampouco gizar um vergê para aliviar tensões. Nas ruas e nos pontos menos procurados, é onde se localizam as pessoas com pudor suficiente para sofrer, descrer e assumir-se fracassado, sem a menor parcimônia, sem ao menos entender sobre os radicais cognatos da minha conversa de esquina de ontem.

Mais que felizes do que os mansos de coração, embora a estes me renda em total submissão, são os que têm olhos de ver porque num dado instante, num toque da brisa no rosto, esses poderão ser exaltados sem nem mesmo terem pedido ou imaginado tão sublime exaltação por serem simples e expostos assim.

junho 02, 2014

EU E O ZELÃO - 01/06/14

EU E O ZELÃO – 01/06/14

Alguém mexeu no meu imaginário e igualmente, naquele ideal de muitas pessoas típicas de uma região, de uma faixa etária e até mesmo, tendo em comum a vida simples, embora de cidade, mais parecida com a vida da roça.
Quando vejo o Zelão, revejo meus contos infantis, as fábulas e as ideias mais estranhas e complexas acerca do imaginário de masculinidade que perpassa por entre ideias muito antigas, desconexas com os tempos cibernéticos e robóticos de agora.
Quando vejo o Zelão, vem-me uma ideia muito definida do que seria um homem na sua plenitude, apto a lidar com uma mulher, e ao mesmo tempo, doce, capaz de oferecer um largo ombro, numa estatura que se traduz num mix entre ser alto, forte, descompassado, elegante sem ser bonito de se ver.
E para povoar ainda mais o imaginário que até então vagava em busca de uma personificação masculina, ei-lo na televisão, todo cheio de si quando anda, com efeitos robóticos quando se vira com a inocência jamais presenteada a um homem e, sobretudo, com uma perspectiva visual capaz de atribuir a todos um nível abaixo do seu. É como se flanasse (assim mesmo, transitivo circunstancial), por entre os sonhos mais distantes, esquecidos, jamais imaginados de concepção real, limitado apenas a uma imagem virtual.
Foi assim consolidada a imagem mental de homem, cristalizada numa concepção capaz de remeter aos quadrinhos, aos desenhos infantis, à velha aceitação de tal existência somente a partir de um desenho, posto ser idealizada apenas em uma tela, um pastel, ou um grafite, mas jamais com o corpo de um homem, que anda e fala na sua mais meticulosa concepção, levando-me a visualizar tal imagem cristalizada a partir de então; e assim, com a surpreendente esperança de materializar-se na simplicidade das coisas e das pessoas no presente...