CARMENERÈ CHILENO- 19/02/16
Esta anacademia crescente é uma questão de
incongruência com o meio. São reflexos que respingam nalma de tal sorte que
levam a um mix entre opostos. É uma vontade contida de separar opostos enquanto
neles se transita.
O carmenerè chileno, de início pareceu sabor
impróprio. Mas depois, bem depois, com o coração macio e cheio de vontade de
novos sabores, ainda que opostos ao prato de arroz, feijão e salada, sem carne,
veio à tona seu gosto apimentado, lembrando menos da uva e mais de condimento,
eis descoberto um tesouro na geladeira.
Não por acaso ali abandonado, mas com o dedo
e o crivo da "expert chef" que escolhe com requinte de aroma, cor,
sabor, sem incomodar-se com preço, essa preocupação de oposto que não sai de
mim, não sai de mim, não sai. Talvez sejam resquícios de um passado em que
sabores etílicos se resumissem apenas a efeitos...
Enfim, fora hoje o dia fazer pazes
com o vinho, retornar à literatura, assumir o gosto por opostos, vigiar
qualquer intolerância, aceitando pacificamente que o rico é tão cansativo
quanto o pobre; o salmão é bom e melhor com queijo de leite de búfala e
legumes; mais um mix do rico com o pobre?
Mas, o melhor, depois de
aprender a ingerir doses homeopáticas de vinho, é reconhecer-se nada coitada,
tentando com a polida e pobre educação, esmerada não se sabe em qual meio,
refinada sem atributo que o valha, porém, com a força que não se reconhece
terrena, e agora, descobrindo-se capaz de falar do que não gosta, do que não
quer dentro dos seus dias, e de como se livrar de todos aqueles que se lhe
apresentam pobres mandantes do que nem sabem o quê!
Seria efeito da
uva, das notas de pimenta verde e tabaco no vinho? Vai saber!
E com
saudade do Suassuna, como diria Chicó: "só sei que foi assim..."; e
com ele, tentando saudar dias nefastos de trabalho em grupo (sinônimo de
tortura para escritores e pintores), bom rememorar as duas armas que tal como
ele, todos deveriam guardar: o riso a cavalo e o galope do sonho para enfim,
transpor a tristeza, a solidão e até a morte.
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