junho 16, 2013

O SOSSEGO DE ALGUNS FILHOS - 16/06/13



            Ele é aquele cujo sossego é cultivado mais que todo o resto nesta vida. Alguns acreditam ser característica pessoal. Porém, muitos têm observado o sossego alheio, detendo-se, sobretudo ao que contribui para tal.

            Esta característica hoje evidente costuma desenvolver um mau-humor recorrente que impõe medo aos que pretendam incomodá-lo no seu sagrado sono matinal, normalmente estendendo-se até bem tarde, bem como em qualquer outro momento do seu dia. Em primeiro, reconhece de pronto uma ajuda, sendo o primeiro da fila para recebê-la como fosse o mais necessitado da órbita terrestre; depois, corre dos parentes por medo de ser solicitada a sua ajuda ou colaboração. Nem é preciso mencionar a inacessibilidade por todo o resto da humanidade.

            Normalmente são pessoas que se entregam além do corretamente permitido a outras pessoas igualmente dominadoras. Daí, não conseguindo o pleno controle em casa, busca-se uma forma de fazê-lo fora de casa, no seu redor.

            Fica visível, no entanto, uma criação superprotetora a qual desencadeia, com o passar do tempo, a mais triste situação, sentindo-se desobrigado de ajudar até mesmo os pais idosos, de quem costuma receber socorro incondicional, mesmo sem qualquer retribuição.

            Bastante difícil para os pais que passam a somar ao peso da idade, mais um peso do filho querido, criado ao abrigo das dificuldades, não se mexendo para tentar amenizar tais efeitos. E nem sequer se importando com as dificuldades por que passam os pais.

            É situação normal, quando deveria ser exceção. Daí, uma outra postura desses mesmos pais ora mais lentos, cansados e sem grande esperança diante do quadro que percebem já faz tempo, torna-se praticamente imutável.

            Para os outros que percebem a tristeza desses pais, incapazes que sempre foram de impor-se, somente resta prestar sua ajuda acreditando verem chegar o dia em que esses sossegados finalmente terão que se mexer, vislumbrando por perspicácia adquirida, uma forma de talvez, passarem a contar com a ajuda do filho.

           

junho 10, 2013

VAI FAZER HISTÓRIA NESSE LUGAR - 10/06/13


 
            Enquanto chega a notícia de fuga do técnico em informática que revelou a escuta da presidência dos USA, pressinto que o dia 10 vem com mudanças, já me colocando na torcida de que ele não seja pego. E ainda mais quando 400 ativistas conseguem permissão judicial para orar junto ao Muro das Lamentações - local mais sagrado do judaísmo, último vestígio do segundo Templo destruído pelos romanos no ano 70 da era cristã - em voz alta, vestindo o xale de oração, tefilins, o solidéu e lendo a Torá, uma maneira de orar tradicionalmente reservada aos homens. Quem diria!

            E do Japão, alguém me coloca a par das dificuldades em ser mulher casada e trabalhar comandando homens com acentuada índole acerca da supremacia masculina...

            Daqui do outro lado do planeta penso na determinação desta ocidental e a vejo fazendo história nesse lugar. Claro, de forma inóspita, sem suporte que não aquele natural desbravador dos sete mares que costumo dizer lhe sobrar; ganho agora a certeza de que não é por mero acaso a sua estada em Tóquio.

            Transpondo-me deste lugar, ao mesmo tempo em que não saio de onde estou, e o consigo enquanto corro na esteira e assisto o jornal da manhã e, mais tarde quando teclo para saber notícias do outro lado do mundo, isto vem com o aditivo de ver-lhe construindo uma forma de viabilizar alternativas para outras mulheres romperem com as tradições.

Tratando-se do Japão, nem tento imaginar o tamanho do seu feito. Consolo-me por saber que coube a uma ocidental uma tarefa dessa monta. E assim, curvo-me diante de Deus que fez o mundo transponível, mutável, colocando-o justamente na ponta dos seus dedos, ou atirando-o na sua cabeça de forma a ir e fazer  a sua história, sem maiores questionamentos.

Indo, porém, pensando na hora de retornar, tem feito o seu melhor  tantas vezes não dimensionando a  grandeza e amplitude, como aliás é sempre uma sua marca,  e desta feita, atribuindo o devido valor quando consegue o seu melhor “modus esperneandi” de que se tem notícia por essas bandas.

junho 09, 2013

A DELÍCIA DE SER LIVRE - 09/06/13


Chamem-na “Mac Beth”. Não é nenhuma loura sensual fatal e tampouco tem a pele alva ao estilo “Monroe”, sobretudo por não estar cravejada com a marca essencial dessas divas da música americana. Embora não cante, é também uma diva.

Dos hábitos cultivados, a liberdade é algo que sempre cuidou com o melhor adubo orgânico, já que dedica especial atenção a tudo que é natural. Detendo maior atenção, não são suas roupas que lhe impõem presença em acontecimentos sociais. É a sua liberdade.

Igualmente no trabalho, lugar em que capta a curiosidade sobre sua vida pessoal: se é mais feliz que as mulheres casadas; se a sua liberdade seria causa ou consequência de sua leveza perante as dificuldades por que todos normalmente passam; enfim, sente-se quase sempre como um ícone sobre o qual os dados estatísticos estão sempre lhe espreitando, apenas esperando um próximo evento para classifica-la, defini-la com o dado que faltava para a conclusão da tautologia sobre liberdade e felicidade.

O fato é que nunca teve a pretensão de ser tudo isso, mas acabou sendo, vendo-se incluída naqueles secretos relatórios psicológicos nos meios por onde transita não lhe sendo explicitado, porém, não lhe sendo ocultado devido talvez, ao seu senso de observação o qual impede sua ignorância acerca dos reflexos do seu estado de livre.

E assim, sente-se por vezes tolhida, uma vez que sendo alvo de olhares, críticas e dados estatísticos, como acontece com os famosos, acaba se sentindo com a obrigação de ser correta todo o tempo, o que cansa qualquer ser vivente como comprovam outros dados estatísticos sobre famosos.

Mas, por que assim, se não é famosa? Está bem que ela tenha uma discreta visibilidade sobre sua pessoa oriunda do seu trabalho, ou poderia ser devido ao fato de gostar de ser feliz, andar ligeiro por aí mexendo com todo mundo, sempre atenta ao fluir do dia, se azul, tudo está ótimo; se cinza, bom para relaxar em casa; com chuva, que bom ter um ar assim limpo; e com frio, que tal um café espresso daquele do melhor que há.

Exceto por isto, não se enquadraria no rol dos mais atrativos, pois seu blog nem é visitado, porém, um fator outro vem de forma subliminar: a sua alegria de viver por ser livre para ir, vir, ser, estar, falar, pensar, sofrer e chorar, até descobrir um caminho onde possa trafegar com o seu livre direito de ser livre, tanto quanto isto possa ser-lhe incomensuravelmente abrangente.