NO ESTALAR DOS DEDOS - 22/03/15
Foi no estalar dos dedos que ela
decidiu por fim às férias cerebrais para assuntos da criatividade. Pensava que a
criação poderia esperar e que tudo era um “hobby”, mas percebeu a
essencialidade do processo criativo, além de expurgar tudo que lhe suga o
estudo repetitivo profissional.
Foi no estalar dos dedos que
entendeu a penetração na alma das técnicas que por longos anos vem praticando e
que, eventualmente decidira abandonar, sem se aperceber sobre os efeitos
colaterais que a ausência de práticas cotidianas calmantes pode desencadear.
Uma vez rendida a tal poder, estala
os dedos e os debruça sobre o teclado amaciado sob a pressão dos anos. Agora,
em fase de cuidar de si como nunca antes se permitira, volta ao encontro
marcado com o dicionário, ferramenta companheira até das noites de insônia.
De tudo que quiser tentar para
acalmar o trabalho de estresse, tendo passado pela yoga, meditação e chás,
nenhum deles isoladamente são suficientes para propiciar o controle do
pensamento, bem assim com o seu prazer em escrever.
Em escrevendo, vem junto uma carga
de prazer em observar as ruas, as pessoas, os comportamentos no ambiente de
trabalho, até mesmo o que sai do tom de normalidade e atinge as neuroses das
pessoas que trabalham porque trabalham porque trabalham e porque têm que
trabalhar.
Por agora, vem-lhe o estalar dos
dedos em frente ao teclado e a vontade de fazer-se entender claramente, sem
dificuldade de vocabulário nem complexidade de teoria, tampouco por não poder
ser mais explícita, mas apenas por querer revisitar a literatura, transitar em
suas praças, comer do seu alimento e sentir-se novamente plena.
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