novembro 17, 2012

EM FASE DE TESTE- 17/11/12


                      Existe um desconforto pelo qual eventualmente passamos ao tentar praticar tarefa que não temos como as melhores. É puro teste. Deveria vir com advertência de mal-estar e com prescrição medicamentosa em casos mais agudos.

            Hoje é o dia de Alice tentar tal tarefa. Assim, emprestar algo de seu enquanto estuda, trabalha e estuda mais um pouco, veio-lhe não apenas como um teste ao seu desapego, mas como também abrir mão de viver momentos mais leves em favor de outros insólitos, imprevisíveis quanto ao resultado. Foi quando pensou por que não usar seu bem para sua satisfação, e sim para satisfação de outros. E busca em vão uma resposta.

            Se tratássemos aqui de uma sessão de terapia muita coisa estaria evidente. Até mesmo o fato de sua amiga inspiração tê-la abandonado por hoje. Aliás, até mesmo ela própria se abandonara por uns tempos, não entendendo bem por qual motivo.

            Só restou-lhe uma certeza: de que descobrira que fazer o bem nem sempre é bem vindo, seja lá de que forma for. O fato que ontem decidira não mais ajudar um grupo de necessitados por não concordar com ajuda apenas material, sem efetivo trabalho.

            Contraditoriamente, hoje ela se depara outra vez com a sensação de estar propiciando gratuitamente, sem qualquer esforço, boa vida como nunca tivera.  Aí concluiu que existem os que vêm a terra para usufruir e os que vêm para trabalhar. Definitivamente não pertence aos usufrutuários.

            Aprendendo desde a infância a buscar o seu, faz hoje o exercício de propiciar uma facilidade ao outro, na esperança que isto surta o efeito de atribuir vontade de buscar também.

            Como não acreditasse em milagres da mente, pensando que mudanças doem na alma de uma forma incisiva, sem haver compressas, unguentos, nada para aliviar, portanto, pouco praticadas, teme ver seu tiro sair pela culatra provocando maior dependência do que outra coisa. O fato é que hoje é dia de sentir-se fora de sua zona de conforto. Isto faz parte do teste, dando-se ao final por satisfeita se o seu dia e meio de “descanso” cair por terra.

novembro 11, 2012

PARA MARIA LUIZA - 11/11/12


            Uma maldade por que passo agora, a ausência das pessoas com as quais vinha desenvolvendo dependência agora é tida como aquilo que não mata e que por ora, fortalece. E assim, vale entender em forma de terapia que cada um cuida da sua vida, independentemente dos seus vínculos.

            Enquanto tento tal exercício difícil diante da internet que não deixa ninguém longe do outro por muito tempo, bate à porta uma família em trabalho dominical sobre a palavra de Deus.

            Muito linda e especial é a criança que, aparentando seus 10 anos, poderia estar brincando, dormindo ou fazendo qualquer coisa normal a sua idade, mas que segue a mãe, no paciente trabalho de simplesmente levar a palavra de Deus para quantos quiseram ouvir e para os que não quiserem também. Bastante precoce a experiência de visualizar o descaso para com o sagrado.

O que ocorre é uma inversão acentuada sobre o que seria sagrado. Para quantos não seria a liberdade de falar e fazer o que pensa. Para outros tantos seria o carro adquirido com muito esforço. E quantos estão despertos, em busca de uma tecnologia de ponta, capaz de tornar pequena a sua solidão.

            O fato é que existem tantas opções, que nem mesmo a solidão é óbice para que se pense em morrer de tédio, por exemplo. Mas as pessoas pensam. E morrem assim.

            Das maldades passadas por aqueles que não encontram alívio para as interferências diárias de notícias ruins, uma passando despercebida, tida como praxe normal entre os que dormem nas manhãs de domingo, despreocupados, cansados talvez pela noite de sábado, com pouco ânimo para chegar ao portão e atender uma linda menina desconhecida chamada Ana Luiza que, instantaneamente abre sua bíblia tão pequena quanto ela, e lê gratuitamente um versículo dando conta de que o mundo não vai acabar neste ano nem em outro, e mais, irá melhorar. Isso de forma gratuita, sem pedir nenhuma contribuição. Ainda assim, poucos a escutam com ouvidos de ouvir...

novembro 04, 2012

PRESENÇA- 02/11/12


            Em alguns pontos da casa sua presença parece que deixou um rastro. Em outros parece restou seu perfume, ou sua coleção de perfumes os quais não são identificáveis pela marca, mas são reconhecidamente como seu cheiro.

E não é assim julgado por uma pessoa, mas por todos os familiares que uníssonos dizem sobre seu cheiro e a maciez diferente que a sua roupa tem. São características que cuidadosamente você desenvolveu no afã de superar talvez, a própria mãe, uma quase perfeccionista quanto aos trabalhos da casa, admitindo por ora que perde para você.

Tal cuidado fora desenvolvido também quanto às pessoas. Sua preocupação com o mundo também vem de berço. Sabe da necessidade de cuidar das nossas crianças.

Deixar de presente um livro para uma criança ou um adolescente é dos presentes o seu melhor, fazendo-o com tamanha generosidade onde o preço não importa, causando assim, o impacto ao ponto de fazer do livro o mais saboroso dos presentes, a melhor surpresa preparada.

Depois vem sua sintonia com cavalos, embora de forma não escondida expresse seu pânico diante de insetos, razão pela qual tivesse colocado telinhas de nylon nas janelas onde passa a maior parte do tempo em férias da vida agitada para os momentos de solidão reservados para energização.

São tantas as marcas que deixa por onde passa, tal como o livro de receitas de família que deixa cuidadosamente em mãos escolhidas, como tivesse a certeza que dali advirá muitos frutos, ou pratos, os quais espera testar numa próxima volta.

Enfim, são gestos poucos, seletos, cuidadosamente pensados, entretanto tirados de uma cartola que somente ela vê, com a certeza de que tudo quanto aqui deixou preparado para o seu retorno de quando em quando, ao inspecionar com discrição, surpreender-se-á com os resultados bem além do mínimo previsto. É o que deixa implícito apenas com gestos...