dezembro 12, 2011

REBOJO – 12.12.11


Rebojo é assim uma mudança súbita de direção do vento, feito esta que ocorreu-me de súbito, quando eu não estava a postos, vigilante de mim; e quando eu menos merecia e mais insistia para que gostassem de mim, já que tal qual o provérbio chinês, seria por certo quando eu mais estaria precisando.


Precisei, busquei e penso estar bem perto de encontrar. Fui ter-me com os lápis e papéis, um sinal de fazer as pazes comigo. Também tive com Ondjack, um poeta português que aprecio por levar-me a entender o significado vivo do que seja vanguarda.


Revi Ms. Lispector dizendo: “se querem falar de mim, não o façam sem mim; sei coisas terríveis a meu respeito...” E daí, como o rebojo, novamente de súbito, voltei a escrever.


Pensava fazê-lo secretamente para talvez ousar sem pudor ou modos. Mas, nunca cultivei bons modos e não tenho atração por isto. Também não sou atraída pelos maus modos. Apenas preciso escrever e senti novamente a minha revitalização que não vem pela esquerda, que é quando sou pior, mas, pega-me distraída pela direita nos momentos mais imprevistos, desprotegidos de mim mesma, quando não sou das piores criaturas do mundo.


E sabe fazê-lo com tamanha ênfase que chego a pensar se tratar de um somatório de forças externas num embate com outras internas, até ontem intangíveis e agora “matematicamente” manifestas, sem forma de contestação.


Ganhei novos amigos; um deles digital, com luzes e uma bateria de celular, não sendo celular, e que toca “my MP3” como diria meu professor de inglês. Tenho feito “a festa” com muito som no almoço e no jantar, quando tento assimilar a musicalidade diversificada que Jason presenteou-me no computador.


Tudo isto é bom, mas melhor, é ter ao alcance das mãos a sensação de que ainda existem pessoas em quem confiar, refazer o caminho lá de trás, de quando havia noites, galos e quintais. Hoje, os galos incomodam a vizinhança que peca por dormir demais.


De concreto, o que faz bem ao coração é ter tempo para uma devoção, ainda que desviando da obrigação. E para tanto, esteja de férias, com canais novos na televisão por descobrir, como aquele que inspira a alegria que é viver.