O SOSSEGO DE ALGUNS FILHOS - 16/06/13
Ele é aquele cujo sossego é
cultivado mais que todo o resto nesta vida. Alguns acreditam ser característica
pessoal. Porém, muitos têm observado o sossego alheio, detendo-se, sobretudo ao
que contribui para tal.
Esta característica hoje evidente costuma
desenvolver um mau-humor recorrente que impõe medo aos que pretendam
incomodá-lo no seu sagrado sono matinal, normalmente estendendo-se até bem
tarde, bem como em qualquer outro momento do seu dia. Em primeiro, reconhece de
pronto uma ajuda, sendo o primeiro da fila para recebê-la como fosse o mais
necessitado da órbita terrestre; depois, corre dos parentes por medo de ser
solicitada a sua ajuda ou colaboração. Nem é preciso mencionar a inacessibilidade
por todo o resto da humanidade.
Normalmente são pessoas que se
entregam além do corretamente permitido a outras pessoas igualmente
dominadoras. Daí, não conseguindo o pleno controle em casa, busca-se uma forma
de fazê-lo fora de casa, no seu redor.
Fica visível, no entanto, uma
criação superprotetora a qual desencadeia, com o passar do tempo, a mais triste
situação, sentindo-se desobrigado de ajudar até mesmo os pais idosos, de quem
costuma receber socorro incondicional, mesmo sem qualquer retribuição.
Bastante difícil para os pais que passam
a somar ao peso da idade, mais um peso do filho querido, criado ao abrigo das
dificuldades, não se mexendo para tentar amenizar tais efeitos. E nem sequer se
importando com as dificuldades por que passam os pais.
É situação normal, quando deveria
ser exceção. Daí, uma outra postura desses mesmos pais ora mais lentos,
cansados e sem grande esperança diante do quadro que percebem já faz tempo,
torna-se praticamente imutável.
Para os outros que percebem a
tristeza desses pais, incapazes que sempre foram de impor-se, somente resta
prestar sua ajuda acreditando verem chegar o dia em que esses sossegados
finalmente terão que se mexer, vislumbrando por perspicácia adquirida, uma
forma de talvez, passarem a contar com a ajuda do filho.
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