O ZOOM DE ALICE – 26.02.11
Parecia estar tudo dentro da normalidade e previsibilidade que costumam garantir a Alice a segurança e a vontade de estudar, ler, reler, treler e continuar assim com a vida dentro dos parâmetros que não fogem aos polímeros. Estes são moléculas menores que se combinam em moléculas maiores.
Resumindo, é a base da teoria de reciclagem que derrete tudo e funde depois. É o que ocorre por agora com Alice. Ela está em transformação de tal sorte que não sabe exatamente no que vai dar.
Em não sabendo, vai seguindo seus dias gastando fosfato que não viceja mais como antigamente em sua horta mental. Apesar disso, não sabe como reviver sentimentos há muito desinstalados que se perderam numa estrada trilhada ontem, mas sentindo ser uma estrada muito antiga.
Assim, entre saber e viver, ela decidiu que viver é bem mais urgente. E o saber deve ter seu espaço reservado, porém sem a exclusividade de então. Mas, onde ela encontra o manual de instrução sobre comportamentos, relacionamentos e coisas assim?
Ficou mal acostumada aos estudos, achando que tudo na vida se resolve estudando. Agora precisa de uma companhia, já eleita, determinada e determinável, com objeto lícito que aparentemente também tem vontade.
Parecendo ser essa vontade comum, cabe saber quem irá decidir por eles dois. Qual tomará a iniciativa. Alice já cuidou de demonstrar que reconhece nele o seu semelhante não só em espécie, mas em gênero, gostos, afinidades e tudo mais em comum que possam ter. E são muitas coisas.
São tantas coisas em comum, que Alice andava pensando que ninguém no mundo deveria gostar das coisas das quais gosta. Assustou-se sobremaneira ao perceber a exceção a essa regra.
Bom, de todo o exposto, Alice quer agora um bom motivo que a retire da mesa ou da cama, sempre cheia de livros, com tempos medidos e vontades pesadas para transitar num outro universo quase desconhecido: o das pessoas que dedicam um pouco do seu tempo a entender, conviver e desperdiçar com outra pessoa próxima. Tudo naturalmente sem se sentir burra porque viver pode ser tão rico quanto entender a teoria dos polímeros ou coisa que o valha.