maio 29, 2011

PRESSÁGIO – 29.05.11

Ventos sopram do noroeste indicando mudanças. Não que o vento anunciasse isto, mas por ser pedidos especiais ante a Fontana di Trevi. Por suposto, haverão de ser atendidos mais cedo ou mais tarde.


Resta, pois, saber quando. A este dado ainda não inventaram um outro lugar no mundo onde possamos visitar e saber a resposta de pronto. Mas, no entanto, pedido feito, crença atribuída, é pedido obtido.


Tanto é assim, que os ventos que anunciam noites cada vez mais frias, também anunciam mudança de vida, de coração e de esperança. Quando o braço que recebeu a vacina absorve toda a dor é sinal de que o organismo todo se imunizou.


Imunizado que se fez, faz-se agora pronto para mudar, alterar, recomeçar; até porque recomeçar é das melhores maneiras de prova por que passamos. É oportunidade de sair da zona de conforto e organização e buscar formas diversas de reorganizar.


Casualmente me sinto privilegiada ao pressentir tais momentos e precaver-me para eles. Já saio com pontos na frente. Isto me dá a tranqüilidade para transpor períodos difíceis, parecendo intermináveis, mas que sempre acabam bem.


É assim porque acredito sempre na possibilidade de que irão terminar bem. Caso contrário não seriam. Mas, é preciso um ingrediente que poucos dão credibilidade que é a crença sem sombra de dúvida.


Essa não pode nos abandonar nem mesmo quando tudo indica possibilidade de fracasso. Valer-se disto é acreditar que pode tudo, até o que concerne às tarefas mais impróprias do trabalho, aquelas para as quais não se sente treinado, capaz.


Aí a gente faz da nossa melhor maneira, arrebata uns erros aqui e ali, aprende coisas novas e vai-se crescendo ao vivo e a cores, com intervenção da nossa própria mão. E então, aprendemos que o medo de mudar não existe, a menos que lhe coloquemos um microscópio que lhe dê forças.

maio 15, 2011

INGRATA PERSONA – 15.05.11

É bem assim, como no inglês praticado meio sem saber porque, com o adjetivo antecedendo o substantivo, uma ingrata persona posto saber o exato valor da inquisição extemporânea que ora é aplicada em mim.


Talvez eu permitisse porque não visse onde mais isto se aplicasse. É como se eu fosse um ratinho de laboratório consultado previamente sobre a aceitação espontânea em fazer parte da pesquisa, com contrato assinado, assumindo de pronto todos os riscos.


Seria uma pesquisa que contribuiria para o avanço entre os relacionamentos parentais e seus efeitos colaterais repetitivos, devendo tal fato um tanto à genética, outro tanto à consanguinidade que não sai de mim, não sai de mim, não sai...


Em sendo ingrata, desconhece, pois, os efeitos que um agradecimento sempre costuma propiciar, desde os imerecidos até aqueles esculpidos em mármore, melhores até do que os de Rodin e Camille Claudell.


Porém, a ingratidão é visita que não se espera e com a qual não merecemos tal convivência soturna, inconteste, previamente pensada. Ela nos pega desprevenidos por sermos os seres que buscam pelo equilíbrio, esperando pelo oposto. E nalgumas vezes trombamos incisivamente com a ingrata persona.


Aí, é hora de aviltar nossos maiores propósitos, arregaçar as mangas, buscar uma falsa indiferença e semear algumas sementes de erva daninha no meio da plantação, mesmo sabendo que seremos nós os separadores mais tarde.


A lição que provavelmente restará é a de que devemos lidar com veneno munidos secretamente do antídoto. E buscar no equilíbrio ora em prova, a quantia necessária de cada um destes, uma vez que a ingrata persona tem momentos de desconhecimento total da proporcionalidade dos estados de raiva nesta vida e sabe –se lá em quantas mais...

maio 08, 2011

VERBO RECALCITRAR – 08.05.11


Definitivamente não é verbo que conjugo, tampouco consta da lista dos mais estudados naquelas horas em que me falta assunto por narrar. Porém, eventualmente tenho sentido falta de ser eu, de comer o que eu gosto, de andar por onde escolho, e falar com quem quero.


Por um desses caminhos tortos que passamos quando aprendemos, sabe-se lá com que professor e sua didática disforme, não entendo muito bem a lei de causas e efeitos. Mas, enfim, eis me novamente aprendiz. Devo ser recalcitrante contra a própria vontade. Para tanto, começo arregimentando um sonho de liberdade que talvez possa me endividar para o resto dos meus dias.


Sempre fugi das contas longas; tenho das aprendizagens sobre economia que esta seria a pior hipótese para uma pessoa inteligentemente alterar o curso de sua vida rumo ao progresso.


Tenho para mim, dada à premente situação que me impele para longo e temeroso débito, que por detrás disto existe um propósito. Quem sabe não seja este capaz de atenuar meu medo inexplicável da miséria, cujo bafo pouco agradável tenho sentido em dias que se alternam com confiança de que tudo não passa de mera impressão. Nesta alternância, o que resta é aprender a enfrentar. Para tanto, valho-me agora da característica recalcitrante que me falha, que me impede de dizer a verdade e trabalhar apenas segundo a capacidade máxima da normalidade.


Busco nos outros esta normalidade que não vejo em mim. E não encontro. Então, parto rumo a mais uma aprendizagem. E nesta transformação, as coisas me parecem mais fáceis, menos temerosas do que de início. Chama-se a isto a capacidade de travestir uma situação complicada por outra menos pior. E isto eu faço bem.


Assim, porque mais uma temporada de expiação vai sendo transposta, porque a vida não para por causa desses acontecimentos contrários a nossa vontade, e porque eu devo aprender alguma coisa que ainda não descobri exatamente qual seja, penso uma vez mais: “vamos seguindo com a caravana, enquanto os cães latem...”