A LEVEZA, O PESO E A INDEFINIÇÃO - 22/7/14
Existem três classes de pessoas que
me chamam a atenção, nas quais encaixo os seres humanos num modesto e acanhado
entendimento sobre comportamentos.
Os de alma leve são assim porque
são. Não fizeram nada, mas nasceram apreciadores natos do que há de bom nas
suas vidas. Reconhecem, assimilam, degustam e reinventam cada novo dia,
independentemente da presença do sol, da chuva, da neblina e do frio, todos por
ele saudados e bem recebidos.
Já os de alma pesada, embora não se
reconheçam como tal, são assim intensos, além do que lhes convém. Têm
dificuldade natural de ver o bom e o belo. O mundo para esses não tem a
panaceia multicolor de um país tropical. Tampouco acreditam no ser humano, colocando
um pé atrás em tudo, talvez por se reconhecerem interesseiros, não sobrando
espaço para a crença de que possa existir alguém contrário a esse movimento.
Para ambas as personalidades é fácil
uma análise, vez que são cristalinas, cabendo até mesmo um estudo e uma tese,
como diria Falcão (o filósofo brega mais genial).
Difícil, entretanto, é o trato com
os indefinidos, embora pareça a contrário senso uma redundância querer
defini-los, mas, o fato é que esses pairam entre os leves e os pesados de sorte
que os aniquilam, passando a dominar a cena. Não são leves por não apreciarem
coisas pequenas do dia. Não são pesados porque mascaram segundo conveniência e
oportunidade (sem pertencerem à administração pública- risos).
Resta por fim, aos leves, a
extremíssima tarefa de conviver com pesados e indefinidos, reconhecendo-os em
um quase catálogo subconsciente, tentando “all the time” alterar para melhor
tais influências funestas, capazes de detonar com uma tarde de trabalho em
comum, por exemplo.
E quando a noite chega... na
autoanálise do dia, uma simples conta de somar será tida como estivesse elevada
à quinta potência, devendo então calcular a integral desta expressão negativa que
não fecha, não fecha e não dá sossego, nem mesmo aos leves de coração nos seus viscerais
trabalhos diários de tentar despertar a bondade latente do ser humano ...