março 17, 2013

PAPEL DE CARTA - 17/03/13


  
Foi assim ao acaso. Eu abri uma tela escandalosamente branca como de costume (comme d’habitude), mais alva do que nuvens sem sombra, e lá estavam os papéis de carta, fartos, ao alcance de um qualquer.
Fui subitamente remetida ao passado, de quando comprávamos papéis de carta para aquela coleção, a mais recheada de toda a vizinhança; era a que continha os papéis mais...mais.
Nunca entendi bem a razão da coleção se nunca podíamos usá-los para escrever cartas, por exemplo (eram inéditos). Agora sei da necessidade de se ter uma coisa para guardar, cultivar. É como ter um caozinho, porém, rejeitando a demanda que este implica.
Os papéis de carta são como a montanha da Adriana, que insiste em ficar ali PARADA. Esta coleção viajou levando com ela, tenho certeza agora, as lembranças da nossa vida em comum, o nosso esforço e dedicação ao frequentar papelarias diversas em busca do mais novo e sensacional pepel de carta, aquele com edição limitadíssima, ali, esperando pela nossa coleção.
Vi outro dia numa série de TV que aborda desdobramentos do comportamento famliar, um intessante Museu da Família, onde coisas interessantes, como as coleções de quando crianças, além de fotografias, fitas cassetes, DVDs familiares, tudo era guardado num cômodo especialmente criado para isto. Uma ideia sensacional. Não tenho notícia de uma família que assim tenha feito…
Entretanto, sei de de duas que viajaram para longe e levaram consigo nossas melhores lembranças, cuidando, organizando e sendo remetida, ainda que em meio a um casulo, às lembranças de infância e do tempo em que a felicidade tinha a conotação despretenciosa de ter alguma coisa, valendo apenas a ideia de SER alguma coisa que quisesse livremente imaginar, sem culpa nenhuma.

março 05, 2013

MULHER- 5/3/13



            Devido às transformações no tempo e no espaço, tem hoje a mulher um espectro de coisas tangíveis; e até intangíveis, se assim o desejar. Tudo quanto lhe causa prazer ela pode buscar de forma destemida.

            Vale até mesmo colocar em cheque a sua reputação, já que isto atualmente não tem chamado tanta atenção. Ao menos no que diz respeito a sua própria vontade, a mulher atual preocupa-se antes com a sua inteligência e com o desenvolvimento intelectual, para depois investir no seu visual, já que é impossível dissociar ambas as necessidades.

             Assim, beber, viajar, inventar, dedicar-se primeiro à profissão, só depois à maternidade, dividir tarefas com parceiros quanto a casa, tudo isto são fatos que tendem a aumentar. E o machismo, onde foi parar?

            Debaixo do travesseiro dos homens que, assustados, tiveram que adaptar-se à nova mulher, se acaso quisessem mantê-la ao lado. Então, nesta busca muitos se perderam no eco dos seus mandos.

            Existem resquícios que ainda ecoam e bradam aqui e ali. Porém, para cada um deles existe uma legalidade, capaz de abrandar seja por bem ou por mal. E as mulheres vão seguindo, invadindo espaços cujas portas estejam abertas. É como a síndrome do filho mais novo – que deve chamar atenção da família desde cedo- assim também com as mulheres – que devem também, buscar desde cedo o seu caminho, já que não têm as prerrogativas de direito, mas somente as conquistas.

            Saudar a mulher que pode ir e vir por si só, com orgulho por pagar suas contas sozinha e por bancar sua vida independentemente do homem é ainda uma posição embrionária, já que ambos os sexos deveriam ter vivido assim  desde sempre. E com a alegria que não se desbotasse feito roupa de segunda.

            Há que considerar o tamanho da busca. Ainda que seja tímida, com parcos recursos, alguma forma deve despontar como alternativa para a menina que quer ter uma profissão capaz de sustenta-la, uma vida da qual possa tomar conta, aprendendo com o homem sobre as delícias da liberdade e de ser o que é; há que ser sem medo do que possam pensar  aqueles que não aprenderam a visualizar a transformação social que não pede licença, não se consolida em leis nem tampouco  atrasa sua manifestação; porque o tempo continua soberano, mas as mudanças de comportamento caminham com ele, independente de qualquer querer.