INSATISFAÇÃO - 8/12/12
A insatisfação instala-se nos
menores espaços imagináveis e quase imperceptíveis; aqueles que julgamos
estarem preenchidos e que ocasionalmente buscam invasões além de bárbaras.
Aprende-se quase concomitantemente
com o falar e raciocinar sobre a obrigação de ser grato, paciente, aceitador
das dores como refinamento espiritual. Até pode ser assim, mas a reserva e o
respeito pela dor deve ser guardado, sob pena da não superação desta.
Para superar uma dor há que encará-la
bem ali no espelho, no sábado de manhã, de um dia lindo e pronto para ser
vivido, que mesmo com sol e calor convidando para a rua, esta se faz
desinteressante.
Existem N subterfúgios utilizados
inadequadamente nesta hora, tais como banho de loja, reunião festiva com amigos
para extirpar incômodos e outros mais. Acabam quase sempre atentatórios face ao
excesso.
Uma profissional competente e
insatisfeita dizia que, em dias de insatisfação não é bom nem sair de casa,
pois poderá ser “pescada” na busca de solução para a insatisfação.
Para ficar em casa em momentos de
insatisfação generalizada, pense na ferida ali prestes a cicatrizar. Olhe para
ela e limpe-a de modo a conseguir uma cicatrização mais rápida. Quanto mais
limpa, mais rápida a melhora.encare a dor como se quebrasse um osso e tivesse
que ser colocado no lugar antes do gesso. Olhe-se ao espelho e assuma a
insatisfação isentando-a da culpa por ser e ter tudo, além do aval de Deus para
estar vivo e outras coisas mais mencionadas nos agradecimentos comuns.
Olhe-se no espelho e diga que está
sofrendo. Tente, com firmeza, encontrar as causas do mal que aflige. Talvez
seja a pior parte, mas deve insistir nisso. Se encontrar e assumir descoberta a
razão do mal, terá meio caminho andado rumo a uma melhora.
Senão, entenda que são recebidas
coisas e pessoas as quais também nos são levadas, sem culpa, embora tenha
direito adquirido de ser infeliz, independentemente de quem seja e do que
tenha. Uma culpa a menos para você que conquistou seu direito de sofrer, chorar
e odiar, até mesmo aquilo que o mantém. Não exclua nada. Acresça esta lista sem
medo.
Por fim, importante lembrar que a
situação “confortável” do outro tem os mesmos dissabores para aquele ainda em “desconforto”.
Ter ou não ter, ser ou não ser são mera questão de posse que nada tem haver com
satisfação.
Assim, oculta fica a dor de quem tem
e/ou pode, igualmente àquela de quem não tem e/ou não pode, não fazendo dela
menor ou pior, apenas uma insatisfação ocupando o tamanho que lhe for permitido.
Apossar da insatisfação, esfregá-la no espelho, maltratá-la avisando que ali
naquele espaço ínfimo não dá para permanecer é a forma mais barata tida para
este mal que nos assola a todos indistintamente.