ENQUANTO ME FILMAM – 26.11.09
Este é um texto contando com a participação especial da TVU, onde estou testando minhas habilidades em digitar diante da câmara. Contudo, isto é muito diferente para quem está acostumada a digitar em solitude. Portanto, isto deverá, sem sombra de dúvidas, render mais um tema. Senão, não terá valido a pena o ato de escrever nem tão pouco a tentativa de ver meus textos publicados, explorados, dissecados, filmados e divulgados.
Chame a isto técnica, ato repetitivo, tique nervoso, reflexo condicionado, seja o que for; qualquer coisa que valha a inovação de escrever pelo hábito puro e simples de escrever diariamente, ininterruptamente, de forma intransferível e urgente, velando e cuidando da escrita enquanto literatura inspirada, homogeneizada, acondicionada num frasco hermético que somente eu consigo abrir e manipular seu conteúdo. Quem sabe não sou uma médica condenada a ministrar letras, e palavras, e alívio...
Continuando o exercício, devo escrever sobre como é estar sendo filmado enquanto tento concatenar ideias, sonhos, inquietações para muito mais além do dia-a-dia sempre comum, imutável e difícil de suportar, ora diferente, colorido, destacado com caneta amarela. Penso que isto pode desencadear muita novidade que deverá ser fator preponderante no cotidiano de um escritor.
Se escrever é mesmo essencial, então porque não fazê-lo repensando a ótica do bem-estar conseguido quando se cria algo novo, algo inédito e sem rasuras ou questionamentos futuros? Tenho que ultrapassar limite e buscar valorizar as técnicas elaboradas e descobertas, tornando-as prontas para serem utilizadas num estalar dos dedos, sem a menor parcimônia.
Conseguido isto, tendo criado a noção principal de mais um texto diante das câmaras, chamei a isto uma nota dez em domínio da técnica de pensar. E o que fazer com tal domínio que não se mede, não se vende, não se empresta, não paga minhas contas?
Ah! Presta-se exatamente para medir um quesito que muitos buscam desenvolver e poucos conseguem êxito: raciocínio rápido. E qual a vantagem disto? Pensando agora que os holofotes estão desligados, a câmara já cumpriu sua missão e podemos falar “in off”, isto tudo atribui satisfações não obtidas na escola, nos livros, na teoria marxista, nos textos do Wilde.
Também não encontraria nada nem de perto no dicionário virtual, no dicionário de inglês que pronuncia as palavras com sotaque americano e britânico, tampouco na coleção de francês ou de espanhol que esperam sua vez de ensinarem.
Então, estariam detectados nestes breves minutos, alguns mais raros, bens caros, oportunidade que conquistamos depois de muito trabalho e dedicação, acrescendo-se a isto todas as horas de isolamento, de solidão, de lapidação sem saber exatamente em qual resultado final chegar. Surpresa!
São itens desta natureza que compõem o cotidiano de quem tem que escrever porque gosta de escrever, porque se dedica a escrever. Não se some a isto, veja bem uma qualidade, um diferencial, mas, tão somente uma especialização opcional, dessas que ninguém nos cobra e que, uma vez obtida, ganha-se naturalmente o reconhecimento de quem aprendeu sozinho e porque quis. Isto não desencadeia qualidades, antes desencadeia preliminares que vamos acentuando mais e mais com o passar do tempo.
Querido que se fez, instalou-se o gosto com todos os seus desgostos e agruras por que devem passar aqueles que se aventuram em caminhos menos convencionais. Daí a minha necessidade de suprir o selênio e zinco consumidos diuturnamente.
Estranho perceber que de tudo que acrescentamos em nosso cérebro, outro tanto é retirado, devendo ser reposto por outra via, oral ou injetável! Mais estranho ainda, é perceber que vamos trilhar um caminho onde nadamos, nadamos e morremos com sede na praia e, ainda assim seguimos.
Há, no entanto, um indício que denota assertiva de opção, como por exemplo, estar sentada sendo filmada e sentindo prazer por escrever, mesmo com gente observando.
Afinal, se não ganhamos apreço, respeito e dinheiro, ao menos ganhamos técnica que não se aprende em nenhum cursinho intensivo, pelo menos com bom êxito, nesse caminho que descobrimos ocasionalmente como transitar absorvendo proveito, retirando sensibilidade, acondicionando-a em páginas e mais páginas para depois repassá-las a quem interessado se fizer.
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