julho 11, 2016

CASEIO, CHULEIO E PREGO BOTÕES- 08/07/16

              Como diria minha "má" madrinha e "má" madrasta de mamãe, caseio, chuleio e prego botões era um seu jargão, o qual utilizava nas mais diversas situações, que ora aplico ao atual "status" daqueles que usufruem férias por ter projetos antigos a encarar.
              Entretanto, fica evidenciado que tal jargão não fora privilégio da "má" madrinha, não difícil de deduzir, não trazia uma varinha de condão que realizasse sonhos. Bem ao contrário, após longas pesquisas familiares, entendeu-se ao final, tratar-se o jargão de "livre na pista para qualquer negócio".
              Aqui, somando-se aos dias atribulados, as férias que nunca são a passeio, posto que também desenvolvi um jargão, mormente não ser genético, mas que herdamos por simbiose: ao sabor do convívio diário, este meu roda, roda, roda e avisa que "não vim ao mundo a passeio".
              Logo, enquanto descanso das tarefas repetitivas, tentando entender porque sou por alguém evitada, sem justa causa ao menos aparente, trabalho e trabalho mais um pouco, com a exata divisão do meu dia em três porções, a saber: parte da manhã para os estudos porque sem trabalho cerebral constante "eu não sou nada, não sinto o meu o meu valor, não tenho utilidade.." como cantava o Russo.
              Depois vem o horário de almoço, se der tempo, e quase sempre cuido para que não dê. Em não dando, emendar a manhã com a tarde requer uma tecitura anormal, na qual o descanso durante o dia não cabe nem mesmo em dias de férias.
              Tenho tentado um convívio pacífico com o ócio do Bertrand Russel, que ao ler até da vontade de não fazer nada, ainda que seja em nome da criatividade a ela conexa, sem conter as mesmas partes e o mesmo pedido, como no direito, acreditem!
              Aprendi a não sofrer pelos fracassos, vez que são sempre presentes, mais do que gostaria. Incorporamos no viver que aquilo que não mata, fortalece...
              Mas, chega a noite, a terceira porção do dia, que se resumiria em descanso, porque não tenho um curso novo nem outra atividade. Chega a hora de incluir ao ócio a atividade física aliada à tv enquanto exercito a disciplina. Não vale cansaço ou preguiça. E o que move a vontade nessa hora é uma olhadela no espelho: vai lá! Sem escolha, já que o corpo pede; e levantando para vida, transformo a cama num tatame e vou em frente com pesos, corridas na esteira e tudo mais que a tv nos ensina para a vida saudável. Mas, nem quero ser longeva?
              Termino o dia com o exercício mental que contabiliza perdas e ganhos, analisando o que poderá ser feito amanhã para minha maior, real e abrangente satisfação pessoal, irrenunciável, transformada em direito real, com preferência entre os meus credores quirografários, vindo antes dos direitos trabalhistas, alimentícios, e qualquer outro direito constitucional, tão somente porque eu me amo e não posso mais viver sem mim...

                                 

fevereiro 21, 2016

ESSA SOU EU - 21.-2.16


            Hoje terminou o horário de verão. Confiro meu relógio acertado com o notebook e o celular, devidamente corrigidos automaticamente. Novamente o tempo batendo em minha porta, como avisasse que estou jogando-o pela janela.
            Por que é domingo, dia único em que não exerço trabalho mental criativo, rememoro agora o que quero realmente para minha vida. Nessa análise entra tudo que cortei para conseguir realizar projetos de pintar, desenhar e escrever.
            Fiz-me só e não consegui ainda o meu espaço de criação. Resolvi nesta última semana que será no quarto. Ganhou tela de nylon na porta para estar aberta até mais tarde e assim, salvar-me do cheiro de tinta.
            Depois de assistir o documentário “Ziraldo profissão cartunista”, vi-me ali espelhada, entendendo somente agora o meu trânsito sempre congestionado entre o trabalho de funcionário público e o de executora de projetos cuja realização não se concretiza.
            Entendi porque pessoas que lidam com a criatividade necessitam da exclusão social, e de cantarolar, e alterar horários porque a criação nalgumas vezes não espera.
            Tento agora, com certeza de caminho certo, executar tarefas múltiplas, uma vez que também necessito atividade física, fazendo meia hora de corrida em frente da televisão, depois, sentar e escrever e mais tarde, quem sabe, desenhar.
            Tem uma história martelando os neurônios, de tal sorte que ainda não vislumbrei a cara das personagens, mas que me atormentam muito mais do que alguém possa entender.
            Chamo a isto de mix, tal qual do Aderbal, que recebe seus entrevistados num estúdio que mistura escritório, banheiro, teatro e sala de estar, tudo ao mesmo tempo.
Entendo agora que estava evitando esta mistura necessária quando se trabalha em casa, sendo organizada ao extremo. Mas, talvez porque ontem percebesse as complicações que permeiam meus relacionamentos, nada apaziguados, sempre impossíveis, acabei aceitando trabalhar aqui no meu quarto sideral, estratosférico, com telinha anti-insetos.
É que descobri os poderes do carmenerè chileno, que poderá, com um pouco de resistência deste frágil fígado, e com doses homeopáticas, aliando os shows musicais que vejo na TV, somando, como nos tempos da matemática, tarefas múltiplas, tudo isto buscando reconhecer-me assim, obcecada por trabalho, competindo com minha própria sombra, buscando em vão driblar o tempo.
Então, ao final, aceitar-me assim, fazendo pazes comigo, neutralizando os indesejáveis sempre presentes comentários de colegas que não entendem necessidades outras além do trabalho, da escola e das futilidades a que se entregam soberanos e sem cobranças, sem diferenças indesejáveis, todos ali, uniformes e competentes nas suas mesas.

E eu aqui, transtornada por mais uma história, um desenho que aquiete a alma, e me traga calma para não transformar-me num ser que amontoa obras e depois não sabe o que fazer com elas. Ai que medo!

fevereiro 19, 2016

CARMENERÈ CHILENO- 19/02/16



         Esta anacademia crescente é uma questão de incongruência com o meio. São reflexos que respingam nalma de tal sorte que levam a um mix entre opostos. É uma vontade contida de separar opostos enquanto neles se transita.
         O carmenerè chileno, de início pareceu sabor impróprio. Mas depois, bem depois, com o coração macio e cheio de vontade de novos sabores, ainda que opostos ao prato de arroz, feijão e salada, sem carne, veio à tona seu gosto apimentado, lembrando menos da uva e mais de condimento, eis descoberto um tesouro na geladeira.
           Não por acaso ali abandonado, mas com o dedo e o crivo da "expert chef" que escolhe com requinte de aroma, cor, sabor, sem incomodar-se com preço, essa preocupação de oposto que não sai de mim, não sai de mim, não sai. Talvez sejam resquícios de um passado em que sabores etílicos se resumissem apenas a efeitos...
              Enfim, fora hoje o dia fazer pazes com o vinho, retornar à literatura, assumir o gosto por opostos, vigiar qualquer intolerância, aceitando pacificamente que o rico é tão cansativo quanto o pobre; o salmão é bom e melhor com queijo de leite de búfala e legumes; mais um mix do rico com o pobre?
               Mas, o melhor, depois de aprender a ingerir doses homeopáticas de vinho, é reconhecer-se nada coitada, tentando com a polida e pobre educação, esmerada não se sabe em qual meio, refinada sem atributo que o valha, porém, com a força que não se reconhece terrena, e agora, descobrindo-se capaz de falar do que não gosta, do que não quer dentro dos seus dias, e de como se livrar de todos aqueles que se lhe apresentam pobres mandantes do que nem sabem o quê!
                   Seria efeito da uva, das notas de pimenta verde e tabaco no vinho? Vai saber!
E com saudade do Suassuna, como diria Chicó: "só sei que foi assim..."; e com ele, tentando saudar dias nefastos de trabalho em grupo (sinônimo de tortura para escritores e pintores), bom rememorar as duas armas que tal como ele, todos deveriam guardar: o riso a cavalo e o galope do sonho para enfim, transpor a tristeza, a solidão e até a morte.

junho 21, 2015





      Eu2     =[ EU  (+  REALIZADA  -  INFELIZ) ]   

março 22, 2015

NO ESTALAR DOS DEDOS - 22/03/15




            Foi no estalar dos dedos que ela decidiu por fim às férias cerebrais para assuntos da criatividade. Pensava que a criação poderia esperar e que tudo era um “hobby”, mas percebeu a essencialidade do processo criativo, além de expurgar tudo que lhe suga o estudo repetitivo profissional.
            Foi no estalar dos dedos que entendeu a penetração na alma das técnicas que por longos anos vem praticando e que, eventualmente decidira abandonar, sem se aperceber sobre os efeitos colaterais que a ausência de práticas cotidianas calmantes pode desencadear.
            Uma vez rendida a tal poder, estala os dedos e os debruça sobre o teclado amaciado sob a pressão dos anos. Agora, em fase de cuidar de si como nunca antes se permitira, volta ao encontro marcado com o dicionário, ferramenta companheira até das noites de insônia.
            De tudo que quiser tentar para acalmar o trabalho de estresse, tendo passado pela yoga, meditação e chás, nenhum deles isoladamente são suficientes para propiciar o controle do pensamento, bem assim com o seu prazer em escrever.
            Em escrevendo, vem junto uma carga de prazer em observar as ruas, as pessoas, os comportamentos no ambiente de trabalho, até mesmo o que sai do tom de normalidade e atinge as neuroses das pessoas que trabalham porque trabalham porque trabalham e porque têm que trabalhar.
            No caso dela, ela trabalha porque precisa, mas já vislumbra o que mais gosta de fazer nos dias: mudar da posição solidificada em que se encontra e empreitar novas posições, zeradas, “da capo”, como dizem os italianos, iniciando novamente um novo ciclo, ainda que seja fruto de sua invenção.
            Por agora, vem-lhe o estalar dos dedos em frente ao teclado e a vontade de fazer-se entender claramente, sem dificuldade de vocabulário nem complexidade de teoria, tampouco por não poder ser mais explícita, mas apenas por querer revisitar a literatura, transitar em suas praças, comer do seu alimento e sentir-se novamente plena.

novembro 29, 2014

EU,29/11/2012 VOCÊ E A JABUTICABEIRA - 29/11/14


            Enquanto colhia as jabuticabas, no afã de vencer a competição com os passarinhos, lembrei-me de você que ainda na infância dizia querer uma fazenda toda asfaltada e cheia de jabuticabeiras.
            Trato feito e quase cumprido na íntegra, relembrado a cada pequena safra da fruta em um pé que mais parece bonsai devido ao tamanho minúsculo da árvore que se põe em trabalho de uma míni produção por todo o ano.
            Enquanto penso, JAGADAMBA! Toca o fone e você me convida para passar o final de semana em Sampa, como viesse até a esquina comprar algo que nem necessita tanto.
            No meu secreto desconforto ante viagens respondo de pronto que vou, já que a saudade é maior, devendo sobrepor-se a qualquer aflição inexplicável.
            Como reminiscências surgidas aleatórias, algo no ar avisa que a nossa sintonia ainda permanece para além da distância. Sem saber ao certo se vai ser bom ou ruim, já vestindo meu escudo para embates, devo antes do novo dia raiar, exercitar-me como um boxeador, já que da sabatina não escaparei.
            O ponto exato da história familiar em que os papeis se inverteram não sei ao certo. Entretanto, sei que a inversão ocorrera e já sou capaz de identifica-la de pronto, colocando-me em xeque – mate-me!
            Dentre as próximas práticas yogue, incluo por medida de precaução e como dose homeopática, exercícios para fortalecer o maxilar, vez que a tônica das nossas conversas incita inesperadas e incômodas respostas; daquelas que necessitam espelho em busca de treinamento.

            Após, tenho como referencial líquido e certo a preparação para quaisquer outros relacionamentos, sejam na minha profissão de funcionária pública, sentindo-me apta até mesmo para defesa num júri de um serial killer, ou qualquer outra atividade que porventura associe na nova forma de ganhar a vida, prestes a ter-me como cobaia, da maneira como tenho ousado dia após dia, sem temer qualquer ofício ou vigília execráveis... Enquanto espero, às jabuticabas.

outubro 29, 2014

APÓS MEIA HORA DE PAUSA...19/08/14



            Foi agora mesmo, entre um saltitar “á la Líricas, do Balero” e um refletir “à la pensador, do Rodin”,  enquanto faz o que mais gosta: testar a sonoridade do seu amigo sonoro, testando diferentes equalizações no melhor volume, que não chega a causar pânico na vizinhança, porém, sendo sua forma de sentir-se viva, lá vai deparar-se novamente com soluções. Vamos a elas!
            Não tendo como fugir, olhando para o fone, buscando contatos que talvez ajudem, pensa por fim que não veio ao mundo a passeio, tampouco para diversões, embora adore divertir-se até mesmo com suas questões cruciais.
            Assim, por ser óbvia a busca, e ser difícil a aplicação, por não encontrar alguém capaz de entender que é chegada a hora de agir, arquiteta tal qual engenheiro que nem é do Hawaí, mas daqui, um plano que possa atenuar dores, reunir famílias conviventes com pontos nevrálgicos crônicos e sem anestésico.
            E por onde começar? Quando tudo fica obtuso, tenta “escalenar” o triângulo de tal sorte que consiga calcular a hipotenusa, já que neste caso aplicar-se-ia o teorema recorrendo-se à bissetriz, a outros artifícios, ou seriam armistícios? Porém, sempre com a velha esperança de que a matemática virá salvar todo o emaranhado, o que “data vênia” o direito não clareia, abrindo uma possibilidade, e mais outra e mais outra...
            Continuando aberta a questão, terminando-se o único cd que viabiliza no meio do seu dia de férias, cheio de estudos de gêneros convexos, e pensando na complexidade vocabular por que passaram Caetano e Gil em tempos de exílio, pergunta-se ao final, se sua alternativa não seria também o exílio, ou quem sabe, recomeçar um novo projeto, abandonando sua estratégia militar, indo aportar talvez, num ateliê de pintura, numa mesa de escritor, com espaço para ilustração, fixação, abstração, desconexão com a vida prática. É quando resolve pegar o telefone e começar sua busca por soluções. Vamos a elas!

ARIAL OU NEW TIMES? 20/10/14



ARIAL OU NEW TIMES?
            Entre arial e new times, ainda bem que a ABNT fez por bem aceitar a ambos. Ainda bem que depois de sentir cada junta amaciada pela yoga, como que despisse do dia de trabalho, ousando limpar a alma, desmarcar o cansaço, rememorar o dia que se deita para dormir, em trégua com a lua.
            Melhor ainda, por reencontrar no mercado, alguém que faz compras como tivesse uma família sua, mas que cuida da dispensa de parentes, quem sabe até administrando seus salários, escolhendo pacientemente os alimentos, lendo rótulos, validades, cuidando talvez da tia, ou mãe, não sei bem.
            E sem saber de onde vem o interesse, mas que atrapalha a minha compra, interrompida para observar aquela trajetória não vista nas pessoas comuns iguais a mim, acabo por manter-me atenta ao desfecho daquela compra.
            A minha compra já não importa mais. Seria talvez a yoga, a responsável por capturar aquele instante incomum, sobretudo num jovem que cuida da mãe, da tia, como o homem da casa. Sendo a cidade pequena, trazendo na cabeça um mapa mental das pessoas que podem interessar, paulatinamente revejo pessoas que levam consigo a minha atenção, o interesse em descrever, tentando mensurar sua retidão, honradez, precisão, paciência, bondade, parcimônia e outros qualificativos.
            Escrevendo em arial, buscando aceitação de alguma banca, talvez uma lá do céu, incomodando o fato de captar, sem querer e sem nenhuma habilidade maior desenvolvida e, por conseguinte, desconcertante, resta claro mais uma vez, tratar-se de um jovem carregando um peso incongruente com sua pouca idade.
            Buscando sinais de tristeza não encontro. Tentando reconhecer ali uma insatisfação, ao contrário, encontro serenidade, aceitação e paz, de sorte que causa inveja. Some-se a isto a minha natural curiosidade acerca daqueles que aceitam a vida como dádiva.
            E por fim, o que sempre acabo fazendo, talvez por herança da minha matemática, comparo com meu próprio gráfico onde a abcissa e a ordenada nunca se entendem, restando a incógnita companheira, vindo avisar que este tema há que ser mais explorado até a dissecação em arial