SINGELO PRAZER – 12.01.11
Para provar quem manda nessa casa, veio tarde essa semana a inspiração. Ela sabe que deve se apresentar na sexta-feira, podendo se manifestar pelo sábado afora, mas, no domingo tem que dar o ar se sua graça. Essa semana não deu. Ninguém manda nem determina a sua visita. Aparece quando quer, some de vez em quando e retorna quando menos esperar.
Então, some-se a essa ausência uma outra de pedra não polida, hermeticamente fechada e não acessível quando bem quer. Foi o que restou reservado para Alice no último sábado e domingo. Aí, dissuadida de qualquer domínio sobre seus trabalhos, pesquisas e estudos, a esteira veio salvá-la da tristeza de dar dó por longos 35 minutos em dois dias desta semana. E hoje, quando recebe um pacote de livros embalados para longas distâncias, brilham seus olhos bem mais do que fosse uma jóia ou artifício desses encantadores de mulheres chegando em sua casa.
Sentindo cheiro de livro novo, abrindo, apalpando, lendo, procurando um novo verbete, relembrou-se do quanto gosta de livros, de novas leituras e especialmente de dicionário, dictionarie, dictionary. De todos, de inúmeras línguas, transitando do inglês para o espanhol e deste para o francês.
Já dera um jeito de deparar-se com a necessidade de escrever cartas em alemão. Pretende mais esse dicionário para seu acervo. E eles vêem assim, do nada, da necessidade que Alice cria para urgentemente ter que encontrar o melhor, o mais atual, aquele revisado e barato dicionário para quando precisar de um verbete, um significado.
É como se fossem o portal pelo qual pretende a moça um dia ultrapassar e nunca mais retornar. Ou poderá retornar, desta feita com novo endereço, com imensa satisfação de informar que suas pesquisas lingüísticas não foram vãs e que havia por detrás delas uma necessidade por nascer. Nascida, tudo se concretiza.
Impressionante as técnicas que autores utilizam para tornar cada vez mais interessante a leitura de dicionários. Eles estão em tradução e ao final, com a versão da língua inversa. Além disso vêm povoados de informações que a gente nunca sabe quando pode precisar. São os anexos. Como por exemplo, a lista de coletivos, das siglas mais utilizadas no país, bem assim adjetivos pátrios e capitais mundiais.
É bom saber que tem tudo isso em mãos para quando precisar. É bom ter certeza que o seu singelo prazer pode ser satisfeito com preços acessíveis, e além disso, pode aguçar a sua curiosidade acerca de temas que não lhe são familiares, podendo despertar sua atenção.
Enquanto pensa assim, buscando novas fontes de informações, tenta esquecer-se do abandono ocasionalmente imposto, injustificadamente caído sobre sua cabeça, sem sua contribuição nem aceitação. É como a personagem da novela que não termina a frase por não entender a colocação do verbete; assim: Alice se sente hoje infinitamente, entende?
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