DESPERTAR – 31.10.10
O que tem perturbado o despertar das pessoas acerca da importância de seus votos, talvez seja o fato da maioria cada vez mais crescente de eleitores antes desinformados, agora, embora ainda desinformados, ganharem no últimos pleitos, certa vontade de mostrar e buscar seus ideais.
E fazem isto votando em candidatos que podem atender suas necessidades antes das tantas outras do país. Eles sentiram que suas necessidades se tornaram tão iminentes, que diante de tudo o mais, deveriam buscar por sua inserção social acima de qualquer reforma que se pudesse ousar.
E encontraram no Presidente Lula o apoio que nunca tiveram por sucessivos e infinitos pleitos onde tudo tinha o seu lugar muito bem definido, com verba própria destinada, exceto a inserção social, que poderia ser deixada para mais tarde; afinal, ninguém sentia tais dores, embora pudessem sofrer seus efeitos indiretos que ainda não lhes roubavam o sono.
“Eureca” parece ser o achado dos últimos pleitos do governo, já que conquistou de uma só vez o respeito e a fidelidade do eleitor marginalizado da nossa sociedade. Sem fazer “chavão” eleitoral, percebendo que o povo precisava ser melhor cuidado, antes de qualquer outra coisa que fizesse, pronto; fez-se a comunhão entre governo e povo até então sem lugar na sociedade.
“Voto de cabresto” parece ser onde colocaram o povo fiel àquele que os ajudou de fato. Nesse ínterim, após dois pleitos consecutivos cumprindo a promessa feita a este povo massacrado da pior maneira, tiveram também seu despertar a outra porção da sociedade que não saboreia esta estratégia sem esconder de quem quer que seja.
Assim, despertos começam a brigar pela sua grande fatia, da qual ninguém lançou mão, tampouco restou diminuída face ao esforço de elevar alguns milhares da pobreza. É questão de somatizar. É algo que sabe fazer muito bem aqueles que sempre somaram.
Não precisa ser sociólogo para entender o fenômeno da migração dos votos em favor de um presidente que promete ajudar a pobreza e realmente ajuda. Tratava-se de fato de um nicho da política esquecido de ser explorado, ou por outra, ignorado dos seus poderes se ativados. Uma vez ativados, chega-se a vez dos que nunca tiveram vez. Seu voto, sua força, seu reforço.
A despeito de George Eliot, que muito bem ilustrou que é preciso ser pobre para entender o luxo da generosidade, ficou claro, uma vez que não é preciso andar muito para se deparar com a pobreza no nosso vasto país, de vastíssima miséria. Lula cuidou desta porção, expondo ao confronto maior o valor da nossa constituição e da nossa democracia, da qual se valeu para obter permissão de ajudar o pobre nacional, com direito de voto como outro nacional menos pobre.
Assim, vimos surgir nova briga boa, não entre direita e esquerda, já que tudo se mesclou nesta busca de auxílio, mas, entre os que necessitam de ajuda e os que não necessitam; entre os burros que são comprados por programas sociais baratos e os que pensam e calculam quanto isto custa ao Estado; entre os que não entendem de política e por isso votam pela continuidade e os que entendem de política e por isso votam pela mudança.
Isto poderia até ser um sinal de evolução política do país, se os inteligentes não apelassem tanto na mídia como fizeram. Esqueceram-se, porém, que as apelações circularam no meio de quem pensa com mais profundidade sobre a questão política neste país. São pessoas menos manipuláveis as que lêem e-mails, jornais e blogs especializados.
A massa mesmo, vive e vai continuar vivendo por muito tempo à margem dessas informações que lhes poderiam transformar concepções políticas em nível de entendimento e conhecimento abrangente.
Não foi preciso mostrarem-se pobres; os pobres de fato reconhecem a grandeza da generosidade, o que na realidade deveria ser direito constitucional fundamental. Por não estarem providos de tais conhecimentos, eles são gratos à generosidade governamental e ponto final.
Podemos classificar progressos de ambas as partes: dos que não querem um governo paternalista porque não precisam dele, estando estes evoluindo ao ponto de abandonar a teoria e partir para o ataque pessoal sem conteúdo informativo, e dos que não querem quebrar suas fidelidades ao governo atual, muito mais porque não podem retroceder ao estado de miséria de longa data. Seria uma nova esquerda e direita, surgidos hoje dos ignorantes e dos inteligentes em um bom embate?
É mister nos colocarmos dos dois lados para percebermos quem tem mais razão; qual lado exerce maior influência, sendo mais convincente e justificado. Então, só depois, bem depois, virão as políticas desportivas, o desenvolvimento da educação, saúde, transporte e por aí afora. A questão é mais urgente do que puderam alguns se darem conta. Todo o resto da população que não se importa com emergências, preferiram a preocupação com a taxa de juros, a exploração do pré-sal e coisas desta magnitude.
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