INVASÃO DE PRIVACIDADE - 21.10.10
Amanhece lentamente, mas não para Alice que já se faz desperta desde às 4:30 horas, quando seu relógio biológico tão alterado quanto o horário de verão vem lhe avisar que o dia promete agitos.
E esses começam com uma invasão de privacidade de certo passarinho que pousa bem perto da janela do banheiro, com um canto singular, insistente e não harmônico, cuja melodia mais parece um assobio chamando por alguém: Alice, já é hora de acordar!
Ela, que cada vez mais dispensa suas peças íntimas para dormir, seguindo conselhos médicos atuais cujos benefícios são enumerados numa lista da qual não poderia partilhar em outros momentos do dia que não na madrugada enquanto dorme.
Não estranha a invasão da sua privacidade pelo pássaro, já que sua cama é constantemente invadida por livros, dicionários, conceitos, teoremas – o último deles tentando adequar a impossibilidade de mais alguém ocupar sua cama, pois, aprendera sobre energia que um lugar ocupado está de fato ocupado; e não cabe pessoa, criatura; somente livros, o notebook estampando a Fontana de Trevi para nunca mais esquece-la. É simples como um lema.
Mas, pretende mais que lema; a moça quer um teorema, cujo lema é pré-teorema. Mas, tratando-se da sua invasão de privacidade mais que rechaçada no último plantão com seu telefone chamando a toda hora por gente que jamais imagina seus rostos, então todo colorário, que é uma consequência direta do teorema, haverá por bem apaziguar Alice com as invasões de privacidade que não são bárbaras.
Confessa ela que até gosta. Confessando um pouco mais, admite que se cansa com facilidade da mesmice das coisas. Gosta de mudar tudo de lugar na sua cabeça, redefinir conceitos zerando-os e a partir de então, reconstrui-los. Recomeço foi sua refeição principal de todos os dias por anos seguidos.
Uma vez condicionada, tenta explicar sobre as vantagens de ser aberto às mudanças, mas não encontra guarida. Pretende tão somente provar seu teorema sobre energia, que as coisas esparramadas na cama são responsáveis por manter sua solidão. Entretanto, teoremas devem ser provados.
Busca então um axioma, mais amigo das ciências naturais, com inferências, que são saltos entre as demonstrações. Ora, nada mais natural que a invasão da privacidade por um pássaro que lhe acorda bem antes do sol. Some-se a isto, o fato de Alice revelar preferências na cama não sensuráveis, ao contrário, inibitórias, mas que encontraram alojamento no seu canto direito, já que seu canto esquerdo ela faz questão de manter em proteção.
Assim, tendo em vista o teorema da Completude de Gödel, que afirma dentro de hipóteses razoáveis sobre a existência de afirmações que não são nem verdade nem mentira, podendo ou não segundo suas veracidades, transformar-se em axioma, dando consistência à teoria, ousa pensar que um dia poderá mudar isto, se quiser profundamente.
Como vê, Alice ainda não desistiu da matemática, cuja teoria sempre lhe tem acompanhaso nas horas de interrogação. Vale-se também da gramática, interpretação, concordância verbal, nominal e verbo-nominal. No entanto, espera ansiosamente encontrar valores que possam garantir-lhe um gráfico que ilustre a teoria de Gödel de forma a atingir uma resposta sobre como conciliar espaços na cama, que irão irradiar-se pelas pesquisas matemáticas.
Sabe por ora, que satisfará seu teorema algo assim: o amor está para o espaço assim como dois está para um => simples assim... Como já são 6:30 horas e seu dia já começa tarde, lá se vai Alice correndo com seu café da manhã, o que seria sua melhor refeição do dia, se acaso tivesse tempo como os alemães que se levantam, colocam a mesa na varanda da frente, leem o jornal e pegam casa utensílio da mesa como fossem senhores do tempo que a eles se submete de forma consolidada em algum teorema ainda não publicado.
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