novembro 06, 2010

EM DIAS DE REVISÃO – 06.11.10

É dia de chuva. Lá fora os barulhos são os mesmos de todos os sábados. A vizinha reclama em altos brados com seu filho, não chegando a durar nem incomodar. Mais distante, a casa mais festejada da rua destila no ar uma música que a mim chega abafada, não identificada, graças a Deus, porque a qualidade musical não é das melhores.

Começa a anoitecer em um dia que esta transição pouco importa, já que o dia se manteve em tons de cinza claro, passando eventualmente ao escuro. A música aumenta na casa vizinha, precavendo-nos a todos os demais que não temos motivos para comemorar, que talvez será sábado com churrasco, péssima música, muita cerveja, imaginando daqui se a carne deve ser boa ou não.

Volto ao trabalho lúcubre, como são todos os que nos exigem análise imediata da sua aplicabilidade correta ou que já deveria ter sido removido do meu chip mental. Mas este também necessita reparos; seria uma troca de silício? Creio mais na troca do próprio chip. Não será uma troca simples de ser feita. Esta exige intervenção cirúrgica que retire lá bem perto do cérebro, talvez no cerebelo, certo equipamento que reclama todo dia por um dicionário novo, atualizado segundo as novas velhas correções que finalmente sairam tarde do papel, já nos colocando em espera por uma outra nova mudança ortográfica, que deverá estar projetada em breve, entrando em efetiva atividade daqui a 50 anos aproximadamente. É o ritmo das nossas mudanças ortográficas.

Sendo assim, meu chip deve aguentar assim cançado um pouco mais. Considero a vida paulatinamente morna neste dia, sendo mais um daqueles momentos não emergenciais, onde tudo transcorre fora da normalidade corrida do cotidiano. Em qual gaveta tranquei os problemas urgentes, que consomem meus dias desde às 6:30 horas, indo parar por volta de 23 “at night”?

Penso que deveria memorizar no chip cançado, qual a gaveta tem poderes para trancar, ao menos neste sábado, as decisões urgentes, as análises e probalidades de uma internet móvel que não sendo tão móvel, já que preciso dela aqui no mesmo lugar, vez que ainda não consegui entrar no estado que tanto desejo de ser nômade. Fixa que estou com minha net, acabando de descobrir que nesse exato ponto a cobertura 3G não é atingida, repenso um contrato de renegociação.

Assim, acabo de deparar com um problema emergencial circunstancial que deve perdurar por longos telefonemas com gravações automáticas, as quais nem posso recusar. Mas, a vida também é feita de sábados sem sol, com problemas que trancamos na gaveta como presenteássemos a nós mesmos com meio sábado de descanso, já que amanhã o dia promete ter trabalho pesado, começando pela esteira, passando por alongamento dos neurônios, seguidos de efetivo trabalho normal de todo dia, com ou sem sol.

Então, o que resta em um dia de revisão, é nada além de fingir que descansa enquanto tenta reformular novas abordagens para a solução dos problemas de ordens diversas. Chame a isto pragmatismo adquirido ao longo de anos de trabalho, capaz de provocar disposição incondicionada. Se isto é bom ou ruim não há como mensurar; é apenas um dia de revisão.

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