EM MINHA FRENTE – 19.09.10
Enquanto tenho especificidades que me vêm por detrás, pela frente tenho dificuldades que me sobressaltam nos momentos mais inesperados. É pela frente que me vem a arrogância e neste lad0 do corpo coloco-me apta para a materialidade oposta à espiritualidade por detrás.
Sei serem opostos necessários, complementares, são yin e yang, porém, esta frente exige vigília, paciência, alerta por ser quase capaz de minha destruição. É a voz da matéria em sobressalto, numa busca incessante que não sai de mim, não sai de mim, não sai...
Tão forte é este lado, que é sempre o que chega primeiro, o que se mostra antes de mim por inteira. É ele que me caracteriza definindo qualidades e defeitos nem sempre precisos. É responsável pelo meu dom de enganar. Ao abrigo de mim mesma, mostro-me pela frente, nunca por detrás.
Tento estratégias que driblam o ego, aniquilam momentaneamente meus caprichos incontidos satisfações menores, as quais tento atender na justa proporção que não me tenha como escrava. Tento uma composição pacificada nem sempre alcançada.
Algumas vezes, as investidas deste lado são tão contundentes que chego a esquecer valores outros aplicando a ordem da sobrevivência pura e simples. Tenho por suposto, algo que me vale nesta hora, socorrendo-me de mim mesma. Talvez, por ser conhecedora deste lado dominante que me leva a correr, gostar de matemática, de tudo bem exato e definido, é que tento por um outro, investir na ciência da criação, da imaginação.
Entretanto, até quando busco a criação encontro justificativa para tal, a ser descrita num sem número de objetivos e princípios pessoais intransferíveis tanto quanto a minha vontade de ser simples, assexuada, calma, equilibrada a maior parte do dia. Mas qual!
Tenho um sangue que percorre veias a uma velocidade obrigatoriamente obedecida a meio século impreterivelmente, fatalmente, tragicamente. É assim por ser ditatorial, senhor de mim como ninguém nem nada conseguisse até então.
Tamanha sujeição vem pela frente, instala-se com uma evidência que me impele a correr atrás do tempo. Não brinco mais com ele. Não o ignoro buscando entender sua soberania, tentando decifrar técnicas que acredito capazes de atingi-lo. É briga de cachorro grande. Demanda tanta energia reposta a custa de banana. Ultimamente tenho descoberto os complexos vitamínicos que respondem bem se você acreditar.
Acreditar é o segredo para tudo na vida. Creio e tenho por exatidão que pela frente ganho dinheiro, construo projetos, invisto na massa encefálica a ser desenvolvida sistematicamente todos os dias, em doses homeopáticas (constantes e insistentes por conseguinte).
Por influência do que me vem por detrás, tal crença oscila entre permanecer ao meu lado e abandonar-me. Quando me abandona é a minha derrocada. Tenho míseros segundos para percorrer um turbilhão de neurônios e colocar-me aposta para recomeçar.
Recomeçar é verbo que aprendi ser companheiro do sucesso. Você tenta de um jeito, tenta por outro meio e continuará inventando formas de tentar novamente. Terá exercitado este verbo em todos os tempos e obterá êxito cedo ou nem tanto; mas terá êxito. Ora, esta é a sua dica de que vale a pena persistir.
Das aulas de inglês não aprendo tão somente o idioma; Bill Bowerman descobriu o solado de borracha para sapatos derretendo borracha numa máquina de fazer sanduíches. Ofertou sua idéia a várias fábricas de sapatos que a rejeitaram. Então, ele abriu sua própria fábrica de tênis, a Nike. Só para citar um exemplo da importância de acreditar em você e fazer por você.
É necessário um pouco mais: dominar você e seus lados. Existem sempre dois opostos; um que impele para criação e outro que pondera sobre tudo. Pensei por certo tempo ser feliz no equilíbrio. Hoje, sou feliz oscilando entre os lados.
Aprender a transitar entre lados é o segredo para prosperar com equilíbrio. Tenho visto pessoas fazendo o que não gostam num regime quase militar. Aviltam-se a maior parte do tempo. Não se gostam e pensam que vieram ao mundo para serem assim infelizes e deixarem o seu redor um pouco pior. Com seu redor piorado fica impossível emergir para outro estado senão pela crença. Acredite!
Devidamente estimulada a crença, tenho que o poder de transição é o achado de meio século de respiração ofegante, cansada a maior parte do tempo – sinal de atividade constante. Resta, pois, administrar o que não pode ser domesticado, até mesmo porque seria transgressão à capacidade de ser criativa, administrativa, calculista, idealista, genial, inusitada, capaz de inventar soluções buscando pedaços de prazer ao longo de cada dia.
Daí, vigiado e com o devido respeito, admito o pungente lado da frente que me aquece nos invernos impondo seu espaço antes de aperceber-me sobre qual lado responde por mim naquele exato momento. Por certo saberei logo.
Marcadores: opostos
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