IMERSÃO NO FRIO – 14.06.10
Mais um inverno rigoroso nos rodeia. E com ele, a certeza sempre recorrente de não nos termos preparado para tal. Esta sensação tem ocorrido conosco que moderadamente não falta opção de vestuário; o que dirá daquele que não conta com opção?
Ouvi relatos familiares de que o frio deste ano relembrou os idos de 1950, quando as crianças iam para a escola a pé, em grandes distâncias, com chinelas havaianas e blusa de flanela muito fina, da mais barata. Some-se a agravante das meninas irem de vestido ou saia para a escola, uma vez que ainda não se usava calça comprida para mulheres, ao menos no interior pobre do Brasil àquela época.
Não havia também, campanhas de solidariedade para salvaguardar os carentes de agasalho e cobertores. Invariavelmente, temos no guarda-roupa um cobertor que cheira a guardado, que não gostamos e não nos faz falta.
Ao pensarmos que um agasalho a mais pode melhorar substancialmente o aconchego noturno de quantos possamos conhecer isto deve ser motivo suficiente para doarmos o que não usamos mais.
Faça um favor ao seu guarda-roupa; deixe que ele respire melhor, e sinta como um gesto de caridade pode alterar o curso do seu dia sempre igual, com a mesma rotina, regado a chocolate quente, café com leite ou qualquer outra preferência para aquecer o corpo no inverno.
Experimentar o aquecimento da alma pode fazer do inverno uma estação tão acolhedora quanto o nosso verão. Sair da inércia é o primeiro passo que nos espera. O resto vem como consequência.
Provavelmente já devemos ter comprado um agasalho novo. Já doamos um antigo? E isto não se constitui obrigação, mas, consequência natural para aqueles que não gostam de armários entupidos de coisas que não chega a usar.
Muitos agasalhos não são usados por estarem fora de moda, gastos, ou ainda, por estarem escondidos no meio de tanta parafernália que nem chegamos até ele. Isto parece compulsão por comprar, por medo de sentir frio, ou por necessidade de ser diferente a cada dia.
Existe uma descoberta que só é obtida por aqueles que ousam preocupar-se com o frio alheio. Isto atribui de fato um agasalho novo, diferente, colorido e que todos querem ter semelhante: a satisfação advinda ao pensar que existe alguém bem aquecido como a gente. Isto é o adereço que deveria compor a moda, com mais ênfase no inverno, já que o frio costuma fazer doer ossos e músculos, desencadeando outras doenças.
Matematicamente tento vislumbrar o número de cobertas, cachecóis, luvas, meias, paletós antigos que podem sair de cada guarda-roupa e socorrer aqueles que por rotinas inexplicáveis a nós humanos somadores e calculadores, não se precaveram e se perdem pela vida com mais um ingrediente para dificultar: o frio.
Assim, a este somatório de adereços contra o frio, subtraia os agasalhos em desuso que todos temos. Isto nem é caridade; é limpeza de armário já que caridade é doar aquilo que nos é caro, não aquilo que não utilizamos mais...
Marcadores: birrrrrrr, que friiioooo
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