SAINDO DA ZONA DE CONFORTO – 05.04.10
Uma das tarefas mais difíceis para Alice é sair da sua zona de conforto, aquela que todos criam e eventualmente têm que sair dela. É a transição entre o bem e mal-estar provocado por alguma situação que remete as pessoas aos fatos desagradáveis da vida, os quais se esforçam para não lembrar.
Com Alice tem sido assim em todos os feriados prolongados. Alguém vem se instalar em sua casa sem saber se ela tem condições financeiras ou psicológicas para receber aqueles que normalmente vêm em busca de descanso.
Isto tem-lhe custado noites de sono e muitos aborrecimentos como a última explosão que tivera na hora errada e da pior maneira que poderia surgir. Seria muito simples, não fosse Alice dotada da dificuldade acentuada de ser sincera. Precisa de algumas aulas com o “super-sincero”. E aprenderá a dizer “não posso hospedá-lo”, sem contudo morrer de arrenpendimento e se crucificar como a bruxa da casa.
Alice já se inclui entre as piores personalidades de que tem notícia e ainda assim, não faltam amigos que lhe acentuem tal sentimento. Então, ela recebe mais um casal para a temporada que lhe seria de descanso.
Fora que se vê da sua zona de conforto, onde poderia ler os kilômetros e kilômetros de livros que se propusera para suas pesquisas, tempo que fora especialmente planejado para tal, vê seus planos ruirem mais uma vez.
Ela tenta em vão, defender-se dos ataques de ira os quais é acometida.Consegue sucesso em alguns, exercita ao máximo sua paciência. Não consegue meditar nem qualquer efeito que elimine o desconforto de sentir-se uma vez mais usada.
Relembra todo o tempo de sua vida que jurou não mais voltaria e que não trabalharia de graça para mais ninguém, mas, entretanto, sente-se novamente neste estágio cuja luta para eliminá-lo sempre encontra oposições.
Depois de uma explosão nervosa incontida, vê-se agora num processo de expurgar de dentro de si a culpa que não sai de dentro do seu coração, mesmo com compressas quentes, massagens ou tranquilizantes leves que agora se vê obrigada a usar, tentando esquecer a recepção péssima que conseguira fazer. E Alice sofre.
Volta para o seu interior e pergunta o que está dando errado no seu plano de viver em tranquilidade, que parece incomodar as pessoas, ou atrai-las também para a tranquilidade que ela não teria feito por merecer.
Em meio aos questionamentos sem respostas, finalmente assume que precisa de ajuda para aprender a dizer uma simples palavrinha que lhe causa tamanho desconforto: “Não!”
Assume que não gosta de si o suficiente e que assim fica mais difícil de gostar. Entende, depois de mais um surto de desiquilíbrio profundo, que deve dedicar atenção a este fato que tanto a incomoda. Na realidade, Alice só precisa que seus “amigos” entendam que quando chega o feriado ela também quer descansar, ler, não fazer nada, caminhar, sem contrariedades que lhe abram feridas dificéis de cicatrizar.
Pensa mais um pouco sobre não conseguir lidar com esta situação repetitiva de forma normal, como aparentemente lidam as outras pessoas. Conta nos seus dedos as vezes que foi hospedar-se em casa de amigos e só encotntrou uma única vez, a qual fora de forma contrariada, porque não dera conta de dizer “Não”.
Porque tudo isto gera cansaço e desconforto tão intensos e difíceis de serem atenuados, pensa agora em enfrentar a situação. Sabe que precisa de apoio e por ora, promete que irá buscar a reconstrução de uma forma de vida que vem se equivocando desde há muito tempo.
Ao admitir que tentando agradar os outros, desagrada profundamente a si mesma nem ao menos conseguindo agradar os hóspedes, revê que é hora de mudar se não quiser um fracasso total de vida.
Revendo seu passado, seus condicionamentos para suportar situações que não queria, mas que sabia que passariam, encontra explicação para tamanho equívoco e promete uma vez mais, que não irá se submeter a isto se não estiver preparada de fato.
Chame a isto, uma avaliação consciente de quem aprende sentindo dor. Dizem ser a melhor forma de fixação da aprendizagem, porém, admite Alice ser a mais lenta, cruel e desgastante forma de aprender a viver.
No entanto, quando pensa em adultos que perdem a visão ou os movimentos e têm que trabalhar todos os dias para obter resultados tão ínfimos, revê que o seu quadro não é tão grave e que seu fortalecimento haverá de vir ainda que incomode a alguns...
Marcadores: crescer é difícil e dói mais que os ossos...
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