UM LUGAR NO MUNDO - 16/07/12
Fora feito
um planejamento por onde ir buscar um lugar no mundo. Ela pensara todas as
minúcias que deveriam ali conter. Por óbvio, buscou por isto colocando na sua
lista de prioridade como a coisa mais importante, necessária, urgente e
salvadora da sua integridade psicológica.
Uma vez
arrebanhadas todas as condições mínimas, porém, satisfatórias para essa busca,
lá se fora em busca do seu espaço no mundo. Isto se desencadeara em função da
ausência de referencial dentro da casa onde mora, do trabalha que executa com
entrega total do seu tempo diário julgado sem importância, até mesmo pela sua
postura de vítima da sociedade por não esparramar-se nem mesmo estando só no
espaço que não considera seu.
Tão grande
fora a necessidade de alterar esta situação, e sem meios de fazer tal alteração
por aqui, após infrutíferas tentativas, sozinha ou “psicanalizada”, acabara
concluindo ante a exaustão que já é hora de buscar seu lugar no mundo.
Olhando ao
seu redor não vislumbrou nada que a remetesse a tal lugar. Assim, tomando posse
sem qualquer sofrimento por tudo arrebanhado especialmente para esta busca,
concluiu que deveria ir para o mais longe que pudessem seus pés levá-la, ainda
que com o auxílio de qualquer meio de transporte capaz de propiciar a sensação
por que tanto tem esperado.
Não fora sua
primeira viagem, embora parecesse. Não fora seu primeiro acerto de contas,
embora ganhasse esta conotação casual. Não fora sequer a opção que julgasse
capaz de propiciar um antídoto para todo o sentimento de repúdio a tudo que por
aqui usufrui de bom e de mal (se assim pudesse reduzir suas percepções).
Mas fora,
entretanto, “inimaginavelmente” sua melhor opção para o momento, embora fosse
única, ainda assim, a mais atraente. Então, com mala contendo apenas o aquém do
essencial, resolvendo por lá o que mais necessitasse partiu com a reserva nas
costas (tal qual dromedário) de decepcionar-se uma vez mais, para o que estava
preparada, feliz e sorridente.
Tamanha não
fora a surpresa de ser recebida como jamais imaginara em seus sonhos de busca
por um espaço, que chegou a ser novidade, posto sempre esperar o pior de tudo,
razão pela qual se tem colocado em posição de vítima, mesmo antes de sê-lo; sobretudo
agora que sabe existir somente o artigo 201 do código de processo penal do Brasil,
único a tratar sobre vitimologia, em detrimento de todo o resto do código que
cuida da defesa do agressor.
Portanto,
exausta por convicção, minadas suas mais ternas tentativas de convivência
pacífica com seu próximo, apesar da subserviência tantas vezes aplicada como
técnica de mediação, por ignorar quais razões levam as pessoas a optar pela
deslealdade, não encontrando resposta para hábitos considerados normais, quando
deveriam ser repudiados, faltando respeito até pelo espaço que é do outro, eis
enfim a alternativa por que sempre tem esperado.
Tanto é
assim, que neste exato momento, está ela pronta para a qualquer instante
abandonar tudo por aqui que não considera seu, até porque sua noção de posse
está alterada, deixada de lado; quer agora poder andar no espaço que também sente como seu, fazendo por merecer estar ali
e não apenas, uma posição confortável, conhecida, cansativa.
E conclui ao
final, que o lugar ideal passa por novas buscas, conquistas e construções, além
do respeito que deve dedicar aos que ali primeiro se encontram...
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