novembro 22, 2009

ESSES CICLOS – 21.11.09

Então, enquanto retornava para casa depois de mais uma tentativa de aula digerindo a mesma sensação experimentada várias vezes, portanto bastante conhecida de Alice, ela se pergunta novamente sem resposta, por quê?
Ingeriu seu relaxante muscular com a intenção de poder estudar livre das tensões excepcionais que o dia 21/11 pudesse lhe trazer. Sem saber se de fato viriam, relaxa e tenta responder uma questão sempre presente na sua relação com seus professores particulares.
Eles acabam seus amigos confidentes demais, todos necessitando um seu conselho, invariavelmente na mesma trajetória, qual seja, desenvolvem amizade, sentem necessidade de conversar, não tendo outro horário isto é feito no horário da aula.
E Alice exercita seu lado terapêutico, medicinal, em doses homeopáticas de conforto aos que percebe necessitarem dos seus préstimos. Ela os atribui com uma generosidade que desconhece de onde vem.
Ao final, ciclicamente ela consegue apaziguar seus professores, saindo de onde foi aprender como carregasse uma enciclopédia muito pesada e repleta de conhecimentos, sentindo obviamente todo o peso que isto implica em almas desavisados como a dela.
Chega a casa exausta, totalmente sem energia e se pergunta ao espelho, espelho seu: muito bonito Alice; mais uma vez você mergulhou onde não consegue nadar. Agora vai sair daí sozinha, pagando e não aprendendo; por quê?
Uma vez mais sem resposta busca analisar algum fato incomum que prenunciasse tudo aquilo e encontra presságios do dia anterior, como sempre ignorados por ela. Mas ainda assim, Alice continua sem a resposta que pudesse fazê-la entender porque está sempre ajudando os outros e tentando suas próprias emergidas sozinha.
Não se sente mais tão poderosa para tanto, mas não consegue fazer diferente. Já pensou em prestar trabalho voluntário, mas teria que ser numa missão na África ou numa região dessas em que a ajuda é muito urgente. Isto não pode ser feito já. Então, surgem em seu caminho os desesperados cujos problemas são bem menores do que parecem, cuidando ela de ativar o “zoom” para minimizar bem diante dos olhos dos seus professores, que o problema é simples assim.
Ao menos já entendera que consegue isto porque se dedica a observar pessoas, relatar seus comportamentos, mensurar seus problemas e aquilatá-los segundo suas ínfimas importâncias.
Teria Alice se tornado uma socióloga urbana autodidata sem o perceber? O fato é que acumula mais um cargo dentre os inúmeros que não lhe rende nada e ainda lhe rouba os minutos pagos de aula de línguas.
Percebe uma facilidade sobrenatural de adentrar na vida das pessoas, perpassando a esfera profissional, indo incidir numa outra esfera pessoal de forma tão natural, com uma confiança que acredita nem os melhores terapeutas conseguem de pronto.
Agora sua dúvida é o que fazer com tudo isto, já que exatamente porque isto acontece, ela não terá uma resposta satisfatória. Por outro lado, reconhece que isto tudo pode, num futuro distante quando não mais estiver por aqui, ser retratado por alguém de boa vontade que encontre em seus relatos, pesquisas sociológicas de comportamento indicando a tendência desta geração podendo então classificá-la, quem sabe.
Continua insatisfatória sua resposta, porém, com a única justificativa, de ser cíclica e incontrolável; talvez esteja escondendo seu medo de dominar o inglês definitivamente, ao ponto de escrever para outros lados da terra, ou quem sabe de sair deste lugar, indo aportar em lugares onde possa efetivamente encontrar quem ajude as suas crises, libertando-se ao final da ajuda intermitentemente por ora prestada, sobretudo nos momentos em que está menos preparada para fazê-lo. Chame a isto, cansaço de toda ordem, espécie, natureza, estado e grau.

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