maio 02, 2009

BIPARTIÇÃO - 04.05.09



Hoje sou Alice! Assumido isto, falo agora na 1ª pessoa devido ao que me toca intrinsecamente como maneira de se fazer buscador. Não fosse pela bipartição a mim direcionada em quase todos os momentos ou, por outra, pelos motivos sempre pungentes de tal ocorrência, não teclaria uma vez mais para descrever os desconfortos advindos como resultado de observações.
Desta feita, com todo o requinte de uma bipartição química onde tentamos misturar dois solutos entre dois solventes imiscíveis, vejo este produto final reflexo nos grupos de pessoas e suas concepções pessoais. Portamos de certo modo algumas cissiparidades em certo momento da vida.
Apenas com a agravante de restar a mim particularmente, sem descobrir porque, a cara satisfação ao reconhecer prontamente uma estranha capacidade que o dinheiro costuma atribuir às pessoas; como a exigência, sendo até certo ponto saudável, mas, uma vez passado este ponto, fica desassociada das relações pessoais que naturalmente deveriam sobrepor-se às relações de consumo, por exemplo.
Ademais, para mim que me fiz Alice, sem sombra de dúvidas, penso não extrair o menor prazer nem grata satisfação, tampouco me sentiria guardiã de qualquer direito, característica absoluta e definitivamente comum aos prósperos, como o de maltratar um prestador de serviços; ainda que fosse ele totalmente incompetente para a função a qual se propôs.
Entretanto, parece um modismo entre alguns, se alastrando vertiginosamente, como fosse este, um meio de conquistar um status mais elevado pelo fato de não ser passado para trás nesta vida. Talvez por outro lado, não me fora permitido visualizar tais características (não encontrei um zoom disponível). Acho que me sinto como o poeta que não tinha em sua lista de amigos, nenhum que sofresse eventuais fracassos, fosse burlado ou passado para trás. Todos eles eram vencedores.
Restava então, tentar descobrir, depois de tantas associações começadas em família, continuadas com amigos e colegas de trabalho, outras qualificações de pessoas cujos propósitos e ambições fossem menores, ou simplesmente humanizados. Contudo, uma conclusão parece muito distante porque comportamentos que desconsideram a essência humana são tendências no nosso mundo que vai saindo tarde do contemporâneo para o pós qualquer coisa.
O que certas pessoas comem ou bebem para serem afetadas de forma abrupta e irreversível deve estar sendo omitido ou nem mesmo elas descobriram os efeitos colaterais que possam estar sofrendo sem se darem conta de nada.
Enfadonha e repetitivamente não tenho descoberto outro quesito além do dinheiro. Parece que o prazer de comprar tem perdido seu potencial de elevar a autoestima do “caríssimo consumidor” sendo inadvertidamente substituído pelo o prazer de maltratar os prestadores de serviços, como se fosse esta a única, ou a melhor maneira de obter-se o que há de melhor no mercado consumidor.
Tem sido assim ao longo dos anos, mas ainda me lembro de quando o prazer pelo consumo satisfazia melhor as pessoas. O que teria acontecido? Quem sabe um efeito do desequilíbrio que nós provocamos no planeta! Ou ainda, uma caminhada silenciosa, bastante perceptível, porém, ignorada sobre a desvalorização do ser humano. Também pode ser mais um aspecto da seleção natural de Darwin: os mais fortes aniquilando os mais fracos e, porque não dizer, com poder de eliminação como num “reality show”.
Assim, sendo Alice, o que eu posso deduzir é que meus valores, ao que parece, foram desfocados de toda esta gama de importância; atribuo minha total reverência ao talento artístico em todas as suas acepções, nascido espontaneamente, não dependendo de vontades outras para se manifestar senão pela sinestesia constituída ao extrair da mais secreta reserva pessoal o dom invejado, porém jamais roubado, negociado e, por conseguinte, salvo de quaisquer investidas.
Quem tem um poder assim, e cada um pode buscar o seu, não precisa outras brigas inúteis, sobretudo por coisas materiais tão assustadoramente substituíveis; e com um pouco de técnica e dedicação, muitos grupos com características deturpadas de humanização poderiam ser reduzidos restando ao final, uns poucos praticantes da busca impossível da satisfação total do consumidor imediatista que, depois de produzir endorfina (talvez até adrenalina), irá buscar outro produto e mais outro, e mais outro pelos quais brigar, brigar e brigar já que necessitará mais e mais e mais para sentir-se melhor por um ínfimo intervalo de tempo.

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