PASSADO O FURACÃO – 11.04.09
Passado o furacão, que não fora o Cathrina, mas fora um tipicamente brasileiro, embora tivesse desenvolvido características européias, ainda assim, foram revistos certos incômodos que somente um furacão, dentro da sua grandeza, é capaz de provocar.
Pânicos revistos, alguns relembrados, outros nem tão suportados, mas enfim, são formas de tentar-se entender as mudanças por que passam as pessoas dentro das suas evoluções. Então, quando se vai o furacão, olhando para a casa novamente em paz, vazia, incensada e tomada novamente da harmonia que lhe é peculiar, fica até perceptível no ar certa saudade do desconforto, da cobrança denotando ciúme, das situações que por opção não são mais necessárias, recomendadas, devidas.
Pensando sobre como as pessoas ainda necessitam cobrar, fiscalizar e criticar, fica claro todo o valor que envolve a liberdade de não ter mais que responder às críticas aplicadas num ritmo de quem ainda pensa conseguir dominar o mundo e as pessoas dentro dele. Nada disso tem mais sentido. Por conseguinte, qualquer cobrança será fora de contexto. Não será lida ou aplicada nem tampouco revista.
Os tempos são outros. O que antes machucava, constrangia, hoje já não atua mais em nenhuma zona do sistema nervoso central. Portanto, é perda de tempo tentar atingir aqueles que já se imunizaram de todo o mal, de todo rancor.
Uma das vantagens de envelhecer é exatamente não permitir que ninguém toque mais certas regiões as quais aprendemos a proteger, imunizar; é como se agora tivessem calefação e satisfação próprias. Independem de quem quer que seja.
Então, ao chegar mais um furacão perpetrando casa adentro, as portas e janelas são abertas, o coração é imediatamente imunizado com uma dose de insensibilidade e toda a casa se faz pronta para a devassa, ficando, entretanto, preservados o coração e a cabeça, que não mais se aventuram em viagens que não possa efetivamente bancar.
De resto, a prontidão para a próxima investida do furacão começa a ser preparada quando da retirada desta última visita. É um trabalho constante, interminável, porém, com a agravante de se constituir também em mais uma forma de crescimento, já que em certa fase da vida das pessoas, elas apensas conseguem crescer em detrimento do aniquilamento do seu próximo. É a chamada “idade da razão”, que incide de forma diretamente proporcional à “idade da produção”, quando as pessoas munidas da sua melhor vitalidade, pensam governar o mundo e as pessoas, desconsiderando a força mental destas.
Enfim, fases de vida com valores díspares e que nunca irão falar a mesma língua, posto serem diferentes em todos os seus valores. É muito mais uma questão de amadurecimento do que propriamente de desrespeito. Ninguém pode valorizar aquilo que ainda não experienciou. Aos que já experienciaram cabe a tarefa de acolher o furacão, tentar minimizar os seus efeitos, preparando-o para voltar à origem, dando uma sonora gargalhada quando tudo estiver de volta ao lugar devido.
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