NOS DIAS DE FOLIA - 8/2/13
Hoje
é sexta-feira “Friday-Vendredi”, dia de limpar. Ao som de “mulher sem razão” à
la Calcanhoto, olho a romãzeira mal se aguentando de tanta fruta, algumas se
abrindo para o sol, deixando enquadrada na janela da cozinha a imagem que
pensava ser aramaica, sabendo agora tratar-se da maçã de Roma.
Na fruteira, as romãs postas meio
abertas, amadurecidas no pé graças às chuvas que nesta época sempre excessivas,
causam o apodrecimento de tantas outras.
Enquanto tomo meu café, recebo em
visita a inspiração, numa hora nem tão apropriada, porém, esperada nos momentos
mais inusitados, arrebanhada bem ali, junto ao visual observado por entre os
retângulos da janela. Sempre bem-vinda que é, entra e toma café comigo ao
alento da boa música, além da solitude necessária para que se materialize nos
meus dedos.
Materializada que se fez, tenho por
bem não contraria-la indo ter-me com a tela alva, a espera de algo que a
preencha aquecendo meu coração como não o fazem demais fatores externos.
É carnaval e também no meu coração.
Quero a rua, gente por perto. A alegria
terá encontro marcado comigo por ser o melhor momento do ano para tal. Quero
populares ao redor, sem nada de mais sério a pensar, nenhuma pendenga por
resolver, sem embargo nenhum da fantasia.
E as romãs continuam ali, paradas, esperando
a hora de serem apreciadas. Por agora é urgente ser feliz. Porém, sem aditivo
outro além do bem-estar interno, a alegria que até pode ser encontrada em
garrafas no supermercado mais próximo, veio hoje ter-se comigo fazendo-me entender
definitivamente esse gosto pelo caminho mais árduo.
Difícil tal qual se apresenta, colo
a alegria na minha cara e saio à procura de um símil que também já a tenha
colado. Exceto pelo aditivo etílico, não vejo nada similar ao redor. Amplio o “zoon”
e nada.
Constato
que o caminho mais fácil faz a cabeça da maioria. Cansada da busca pela alegria
“in natura”, desisto seguindo única com a minha melhor alegria, porém, imersa
em todo o resto etílico que se abre diante da minha curiosidade ante este fenômeno
a tomar conta dos meus amigos, tornando-os mais interessantes, falantes e aptos
a relatar suas culturas e experiências, além daquelas que só vêm à baila
etilicamente... Talvez o tempo gire diferente nos dias de folia. Talvez...
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