AMARÍSSIMO -3/2/13
“Lá vem, lá vem, lá vem de novo...”
Como cantava a legião, alguém entra novamente para mais um dia de trabalho. E
por detrás, entra um gosto amaríssimo pelo que deveria estar a contento e não
está.
É um mal tão evidente, nem um pouco
disfarçado de forma a contagiar a todos os desavisados que não vigiam. Vigiar é
o mister mais importante para o profissional que pretende prosperar naquilo que
lhe foi destinado como meio de sobrevivência.
Muitos se contaminam, entretanto
alguns percebem a necessidade de proteção fazendo-se vigilantes. A vigília é o
quesito fundamental para ser um bom profissional.
Mas um ou outro desavisado não se
considera satisfeito no que faz. Falta-lhe organização e disciplina, itens que
talvez não possua, razão pela qual devesse estar em outro lugar fazendo coisa
diversa. Mas é lá que está e é onde precisa manter-se ajudando a tantos quantos
dele necessite.
Assim, em dias sim e noutros também,
uma ira se manifesta de forma contundente, deixando claríssimo para todos que
ali não é seu habitat. O que fazer então para fazer jus ao salário, embora
julgasse serviço excessivo e incompatível com o contingente de funcionários?
Como afirmado, falta-lhe
disciplina, vestindo a armadura reluzente capaz de propiciar-lhe a sensação de
que cumpre o seu dever e merece estar ali. Algumas vezes, falta-lhe percepção
que o conduza a uma nova forma de aproveitar melhor a mão de obra. Se o aumento
do trabalho é maior do que a mão-de-obra disponível, a sabedoria consiste em
utilizar-se desta mão de obra de forma a atender à demanda; ao menos tentando
buscar este foco. Ainda que lhe seja amargo.
Parece simples quando o interesse
final é a produtividade. No entanto, no serviço público os detentores do poder
não costumam se preocupar tanto com os fins, mas com os meios.
Assim, em meio ao amargor que
permeia o caminho daqueles que não descobrem novas formas de atuar levando
consigo a bagagem alheia, não confiando e não se permitindo descobrir talentos oriundos
de práticas diversas, o contágio amaríssimo será tão líquido e certo quanto os
títulos de crédito o são para seus exequentes.
Em suma, a realidade é que nos salva
de qualquer dificuldade, até mesmo as profissionais, vigiando além do que
aconselham os sábios e trabalhando com critérios peculiares para cada caso. E tudo
isto ainda será pouco...
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